Brasil 2026: entre a esperança de projetos e o medo do retrocesso, por Augusto Rocha

Brasil 2026: entre a esperança de projetos e o medo do retrocesso

por Augusto Cesar Barreto Rocha

              2026 trará eleições dos poderes executivos e legislativos, estaduais e federal. Como estará o espírito brasileiro? Com o espírito da esperança que leva a ação ou com o espírito do medo, que nos empurra ao passado e à destruição? A construção de projetos depende de esperança, visão. Só poderemos ter ações se soubermos o que queremos. Acontece que a capacidade de conceber projetos está fora das discussões. O que sobra são críticas para todos os lados e busca de vantagens pessoais. Parece que perdemos a capacidade da busca coletiva.

              A pauta pública sente falta da deliberação de projetos. Só há frases, não aparecem projetos e ideias de construções. Há bastante cancelamentos e buscas de destruição. Há pouco de propostas inovadoras que construam a vontade de mudar para melhor. Entretanto, é difícil ter vontade de mudar se não há esperança. Se tudo parece tão difícil e ruim, é como se só restasse a morte e a destruição de tudo que está aí. Não conseguimos deliberar sobre construções de futuro, mas avaliamos constantemente com base em “consensos” torpes, medrosos ou daqueles que pouco ou nada entendem das necessidades das massas.

              Até quando seguiremos com as bússolas perdidas? As nossas histórias não são contadas e deliberadas. Os nossos sucessos são esmagados pelos pequenos e grandes erros. O contraste de acertos e erros fica difícil de ser feito. O contraste de previsões e projetos, com resultados de previsões e de projetos é pouco realizado. Nos especializamos em avaliar o futuro, mas não em constatar se a avaliação estava certa ou errada, muito menos as razões. Há uma profusão de previsões que dão errado e continuamos a ouvir os mesmos previsores.

              A possibilidade de construir projetos para o desenvolvimento do Brasil segue aberta. Todavia, parece que não se quer desenvolvimento ou mudança. A mobilidade urbana nas cidades é sofrível, mas pouco ou nada se discute. A taxa de juros segue alta. Ao final de 2024, no relatório Focus, o dólar era previsto entre R$ 5,96 e R$ 6,00 e a SELIC a 13,5%. O dólar está mais barato e o juro mais alto. Até quando seguiremos com um juro alto que aterra os investimentos? Enquanto isso, as empresas seguirão a aumentar preços para buscar recursos para investir de dentro da margem de lucro ou para encontrar recursos extras para aumentar os salários, dado o baixo desemprego.

              Precisamos encontrar mais motivos para otimismo. Para isso precisaremos de projetos, de crescimento da economia, com menos aumento de custos, de objetivos coletivos. Sem esperança e projetos coletivos, ficaremos rodando em círculos, onde os ricos ganham mais e mais – simplesmente fazendo investimentos sem risco ou aumentando a margem para fazer investimentos produtivos e compor suas equipes. Precisamos urgentemente de projetos. Não faltam problemas, mas faltam ideias. Por ora, o único projeto que está em curso é vender o medo.

Augusto Cesar Barreto Rocha – Professor da UFAM.

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