O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, destacou na decisão que autorizou a prisão do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro, a descoberta de uma “intensa troca de mensagens” entre o militar e o pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o também general Mauro Lourena Cid. Com informações do Globo.
Braga Netto foi preso neste sábado (14), acusado de tentar interferir nas informações do acordo de colaboração premiada firmado por Mauro Cid. Ele foi detido em sua residência em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.
Na decisão, Moraes apontou que a Polícia Federal (PF) demonstrou que o pai de Mauro Cid manteve contato com Braga Netto e com o general Augusto Heleno para afirmar que as informações do acordo de delação premiada eram falsas.
“Sobre a suposta Delação Premiada do CID, a Mãe e o Pai dele (CID) ligaram para o GNB (general Braga Netto) e para o GH (general Heleno) informando que é tudo mentira!!!”, diz uma mensagem enviada pelo general Mário Fernandes ao coronel Jorge Kormann, ambos ligados ao governo Bolsonaro.
De acordo com as investigações, Fernandes é um dos principais responsáveis pelo plano “Punhal Verde Amarelo”, que previa o assassinato do presidente Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin e de Moraes.
As conversas ocorreram três dias após a homologação do acordo de delação de Mauro Cid. Segundo a PF, Braga Netto tentou obter dados do acordo por meio de familiares para tranquilizar outros integrantes da organização criminosa, indicando que os fatos relacionados a eles não seriam revelados.
A decisão de Moraes cita ainda que a PF encontrou na sede do Partido Liberal (PL) um documento contendo perguntas e respostas sobre o acordo de Mauro Cid, que estavam na mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino, assessor de Braga Netto. Segundo a PF, as respostas teriam sido redigidas pelo próprio Cid, o que foi confirmado pelo colaborador em depoimento.
“O documento foi apreendido na mesa de trabalho de um dos assessores de WALTER SOUZA BRAGA NETTO na sede do Partido Liberal (PL) e diz respeito, primordialmente, ao que teria sido revelado sobre a participação do referido investigado, indicando a tentativa de obtenção de dados sigilosos da colaboração com a finalidade de obstruir as investigações, o que o colaborador MAURO CÉSAR BARBOSA CID confirmou em seu novo depoimento”, afirmou a PF.
Mauro Cid também relatou que os contatos de Braga Netto ocorreram após sua soltura, com o objetivo de descobrir informações sobre o teor da colaboração.
“Basicamente isso aconteceu logo depois da minha soltura, quando eu fiz a colaboração naquele período, onde não só ele como outros intermediários tentaram saber o que eu tinha falado. Isso fazia um contato com o meu pai, tentavam ver o que eu tinha, se realmente eu tinha colaborado, porque a imprensa estava falando muita coisa, ele não era oficial, e tentando entender o que eu tinha falado. Tanto que o meu pai na resposta, que é aquela de terceiro, disse não, o CID falou que não era”, relatou Mauro Cid à PF.
Em depoimento à PF, o pai de Mauro Cid também confirmou que Braga Netto o contatou durante o período em que o acordo de colaboração estava sendo negociado.
“Em complemento ao depoimento prestado pelo colaborador, em 6/12/2024, seu pai, MAURO CÉSAR LOURENA CID também confirmou que WALTER SOUZA BRAGA NETTO ‘entrou em contato no período em que o acordo estava sendo realizado, logo após a soltura de MAURO CID’, afirmando, porém, não se recordar se os assuntos tratados tinham relação com o acordo de colaboração premiada”, consta na decisão.
A PF concluiu que a hesitação do pai de Mauro Cid em confirmar os contatos, contrastando com o depoimento do filho e as provas reunidas, reforça a interferência de Braga Netto sobre o colaborador e seus familiares, com o objetivo de embaraçar as investigações.
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