Em mais uma demonstração de que quer ser o mais novo prefeito tucano da cidade de São Paulo, o pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL) foi ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Conforme dito pelo próprio pré-candidato nas redes sociais, sua ida à corte ocorreu no dia 24 de julho:
“Me reuni hoje com a Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ministra Carmen Lúcia, para expressar nossa preocupação com o aumento das Fake News relacionadas à eleição municipal. Tenho confiança que o TRE/SP e o TSE estarão atentos para não deixar a mentira prevalecer. Democracia Sempre!”
Não há nada mais ridículo que Boulos dizer que pediu ao TSE para combater as “fake news”. Isso porque o combate às “fake news” não é uma política da esquerda, mas sim uma política do próprio TSE! Desde as eleições de 2018, os ministros do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF), do qual o TSE não passa de um puxadinho, vêm discutindo punições para aqueles que difundem as tais “fake news”.
Neste sentido, Boulos não foi propriamente propor algo à corte. Ele foi, acima de tudo, se mostrar como um bom rapaz. Mostrar ao TSE que ele está disposto a seguir exatamente aquilo que as cortes mais reacionárias do País pensam. Boulos foi pedir a bênção a Carmen Lúcia para que a burguesia o veja como um candidato inofensivo, alguém que irá defender o regime político custe o que custar.
Nenhum político profissional nos dias de hoje pode levar a sério que exista um combate às “fake news” por parte das instituições brasileiras. Conforme ficaria claro nos Estados Unidos, onde surgiu o termo, e também no Brasil, as “fake news” não são “mentiras”, mas sim tudo aquilo que as classes dominantes não querem que seja dito. Ou melhor, aquilo que elas mais temem que seja dito.
O combate às “fake news” nos dias de hoje não serve, por exemplo, para impedir que o Estado de Israel veicule suas incontáveis mentiras diárias sobre a sua situação militar, sobre os objetivos da resistência palestina ou sobre as práticas do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe). Mas serve, isso, sim, para impedir que pessoas do mundo inteiro expressem seu apoio à luta dos palestinos, mostrem o que de fato acontece na Faixa de Gaza ou desmintam os mitos criados pelo sionismo.
O TSE, ao se colocar como porta-voz da campanha contra as “fake news” no Brasil, se revela como representante do setor mais nocivo de toda a burguesia: o imperialismo e seus sócios, que são os mais preocupados em promover a censura mundo afora. E Guilherme Boulos, na medida em que se mostra disposto a defender a mesma política, deixa claro que, se o preço para se tornar prefeito é se comportar como um cãozinho dos especuladores de Wall Street, assim ele o fará.
Essa não foi a única demonstração de que Boulos está comprometido com a defesa do imperialismo e dos interesses do regime político brasileiro. Na mesma semana, o pré-candidato do PSOL criticou o regime mais esquerdista da América do Sul, o chavismo, por causa de seus comentários sobre o sistema eleitoral brasileiro. Ao defender o TSE, Boulos não estava defendendo o Brasil, nem o governo Lula. Estava fazendo uma frente única com o imperialismo para tentar acuar o governo venezuelano e, ao mesmo tempo, aplaudindo o tribunal que cassou a candidatura de Lula em 2018.
A cada dia que se passa, Boulos vai mostrando que não é um candidato de esquerda. É, na verdade, uma máscara esquerdista utilizada por aqueles que promoveram o golpe de 2016 e que estão sabotando o País.