Neste ano, as eleições municipais de São Paulo adquirem uma importância significativa no cenário nacional. É onde vemos o confronto mais polarizado entre a extrema-direita, representada oficialmente por Nunes, mas programaticamente também por Marçal, e a chamada frente ampla, que representa o Governo Lula/PT na cidade, mas é encabeçada por Guilherme Boulos do PSOL. O PSTU optou por apresentar as suas propostas nestas eleições com a candidatura de Altino, porque não vê na Frente Ampla uma alternativa nem à extrema-direita, nem aos problemas da cidade.
Boulos prometeu desde o início construir uma frente o “mais ampla possível em torno de valores democráticos e de combate às desigualdades sociais”. Para se tornar aceitável para a burguesia e construir uma campanha com viabilidade eleitoral, vem fazendo acenos à burguesia paulistana, aceitando setores do bolsonarismo e tentando tirar a camiseta de ativista.
A escolha de Marta Suplicy como vice na chapa, mesmo tendo sido parte da gestão de Nunes, mostra o tipo de frente que Boulos está disposto a construir. O apoio do Senador Alexandre Giordano (MDB) também é sintomático. O empresário foi filiado ao antigo PSL que elegeu Bolsonaro e assumiu um mandato tampão, porque ocupava o posto de suplente do ex-senador Major Olímpio que faleceu em 2021 e era um dos principais representantes da chamada “bancada da bala” no estado de São Paulo. Longe de ser uma frente com valores democráticos, é a expressão da construção de uma candidatura para ganhar as eleições a qualquer custo.
Com o argumento de que não é candidato em Tel Aviv, Boulos tem se recusado a se posicionar sobre o genocídio do povo palestino. O silêncio não é apenas perante o ataque de Israel, mas também sobre o genocídio da população jovem, negra e periférica em São Paulo. Não seria Boulos candidato à prefeito da cidade? Acontece que, enquanto se cala sobre a violência policial, Boulos abraça um programa de legitimação da mesma.
No programa que Boulos apresenta para as eleições, registrado no TRE, não existe nenhuma menção à privatização. Isso logo depois de ter sido construída uma frente com vários setores do movimento contra as privatizações, composta inclusive por organizações e militantes do PSOL, e do próprio Boulos ter se colocado contra a privatização. O programa também não fala sobre o problema da restrição ao aborto legal nos hospitais em São Paulo, muito menos sobre a possibilidade de ampliação.
Até a luta por moradia digna Boulos já começou a relativizar. Em resposta ao jornal O Globo sobre a possibilidade de a prefeitura entrar na justiça para reaver imóveis e terrenos “invadidos”, Boulos responde que depende. Ou seja, assume que a sua gestão poderá atuar através da justiça para retirar moradores das ocupações.
É nítido então que longe de criar uma frente ampla por valores democráticos e para acabar com a desigualdade, Boulos e a direção do PSOL, estão construindo uma frente com setores burgueses para ganhar as eleições. Se a candidatura de Boulos estivesse ao serviço da defesa de valores democráticos, se colocaria em defesa do povo Palestino, da garantia do direito ao aborto legal e do combate à violência policial.
A transformação política não é apenas do Boulos, mas é do próprio PSOL. Um exemplo disso é a sua relação com o Governo Federal, onde é base de apoio. Lula, com Haddad, está cumprindo o Arcabouço Fiscal. Qual a posição do partido e de Boulos sobre isso? Vai usar a prefeitura como um ponto de apoio para lutar contra esse teto que impede investimentos em áreas sociais?
É fato que Boulos tem potencial eleitoral. Mas será mesmo que com esse programa pode ser consequente em ser uma alternativa à extrema-direita, defendendo e governando para classe trabalhadora? Nós, do PSTU, acreditamos que não. A extrema-direita não será derrotada com conciliação de classes.
Por isso apresentamos a candidatura à prefeito de Altino, metroviário que foi parte ativa da luta contra privatização da Sabesp e de várias outras, tendo como vice Silvana, uma mulher negra do movimento pela moradia. Altino e Silvana são uma forte dupla que vai apresentar uma alternativa à miséria capitalista, que enriquece cada vez mais os bilionários capitalistas e deixa a população pobre trabalhadora em condições de vida cada vez mais precárias.
Vem com a gente contribuir com a construção de uma candidatura socialista e revolucionária, que junto do movimento sindical, popular, social e estudantil, vai lutar em defesa das nossas pautas e reivindicações, sem conciliação com os nossos inimigos.