
Israel lançou um ataque sem precedentes contra o Irã na noite desta quinta (12), mirando o centro do programa nuclear do país e altos líderes militares. A decisão, que provocou uma reação imediata, foi baseada em cálculos geopolíticos.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu escolheu o momento para atacar o Irã por acreditar que o país está mais vulnerável do que nunca. Para as FDI (Forças de Defesa de Israel), as oportunidades de promover a ofensiva estavam se esgotando.
O cálculo israelense envolve fatores internos e externos que colocam o Irã em uma posição inédita de fragilidade. Nos últimos meses, os principais aliados dos iranianos sofreram derrotas sucessivas em confrontos com as FDI.
O Hezbollah, por exemplo, era a principal força militar não-estatal do Oriente Médio, mas perdeu sua liderança na região, enquanto a queda de Bashar al-Assad, em dezembro de 2024, na Síria, enfraqueceu a influência iraniana.
O Hamas, em Gaza, e a Jihad Islâmica, na Cisjordânia, que também são apoiados pelo país, têm sido afetados duramente pela guerra com Israel. Esses aliados eram considerados chave para pressionar Israel e atuar como primeira linha de frente no Irã.

O ataque também foi motivado pelas negociações entre o aiatolá Ali Khamenei, principal líder do país, e o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, envolvendo a criação de uma bomba atômica iraniana. Israel decidiu agir antes da finalização do acordo.
Para Netanyahu, a data era uma oportunidade de ouro para impedir o desenvolvimento do programa nuclear do país e evitar uma retaliação coordenada do Irã. A criação de uma arma do tipo é tida como uma ameaça existencial e uma forma de alterar o equilíbrio regional por Israel.
Por isso, o bombardeio israelense mirou, por exemplo, o completo de Natanz, conhecido como programa nuclear do país, que abriga duas usinas de enriquecimento de urânio. Segundo Netanyahu, o Irã possui material suficiente para fabricar nove bombas atômicas.
Paralelamente, a economia iraniana tem sido pressionada por sanções internacionais e a inflação local segue em alta.
Nos últimos meses, diversas lideranças militares importantes do país foram assassinadas, com comandantes regionais ligados à Força Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã, mortos em operações de inteligência.
O chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e o chefe das Forças Armadas do país, Mohammad Bagheri, foram mortos no ataque desta quinta, junto de dois cientistas nucleares, Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoon Abbasi.
A rivalidade entre Israel e Irã começou com a Revolução Islâmica de 1979. Na ocasião, o Teerã se opôs ao imperialismo americano e rompeu as relações com Tel Aviv, que passou a ver o país como uma ameaça nas décadas seguintes.