Boluarte volta a decretar estado de emergência no Peru

A presidente golpista peruana, Dina Boluarte, tem apenas 3% de aprovação popular, segundo pesquisa recente. Boluarte chegou ao poder em 2022, após a deposição do presidente de esquerda Pedro Castillo. Dina Boluarte, uma espécie de Michel Temer de saias, ocupava à época o cargo de vice-presidente de Castillo.

Após mais uma onda de violência na capital peruana, Lima, e em Callao – cidade portuária importante, situada na região metropolitana de Lima – o presidente do Conselho de Ministros e primeiro-ministro Gustavo Adriazén anunciou, na noite de domingo (16), o decreto de estado de emergência na região e solicitou o apoio das Forças Armadas à Polícia Nacional. O decreto permite que as forças armadas colaborem com a polícia para restaurar a ordem pública. Ainda não ficou definido o prazo da intervenção nem o número de tropas que serão convocadas.

O estopim da situação desta vez foi o assassinato do famoso cantor de cúmbia – ritmo tradicional da região – Paul Flores, de 40 anos, apelidado de “El Russo”. O cantor estava em um ônibus, voltando de uma apresentação no distrito de San Juan de Lurigancho, a leste de Lima, com sua banda Armonia 10, quando foi alvo de diversos disparos de carabina e outras armas. O cantor foi atingido por dois projéteis e faleceu. Os suspeitos estavam em motocicletas e dispararam à queima-roupa após interceptarem o ônibus da banda na Via Evitamiento, na região metropolitana de Lima. Paul Flores foi levado ao Hospital Hipólito Unanue, onde morreu. A banda Armonia 10 já havia sofrido outro atentado em dezembro passado, quando seu ônibus foi atingido por disparos em Callao.

Boluarte já havia decretado estado de emergência entre setembro e dezembro do ano passado. Desta vez, com a comoção provocada pela morte de um artista popular, como “El Russo”, a presidente peruana chegou a declarar que desejava ver os assassinos enfrentarem a pena de morte. No Peru, a pena capital é aplicada apenas aos traidores da pátria condenados pela justiça.

O governo de Dina Boluarte também decretou estado de emergência anteriormente, em janeiro de 2023, em Lima e em outras regiões do país, durante 30 dias, com a suspensão dos direitos constitucionais, quando o país enfrentava uma grave instabilidade política, que deixou um saldo de 42 mortos.

Desta vez, desde 1° de janeiro até 16 de março de 2025, a polícia relatou 459 assassinatos; os relatórios de ameaças alcançaram 1.909 somente em janeiro deste ano. A polícia peruana recebeu mais de 18 mil denúncias de ameaças em 2024, em todo o país. Em janeiro de 2025 o Instituto de Estudos Peruanos (IEP) divulgou uma pesquisa em que estimava que 20% dos peruanos já foram vítimas de ameaças.

Os pequenos comerciantes são a categoria mais afetada, seguida pelos motoristas de ônibus, escolas, estudantes, donas de casa e funcionários públicos.

Analistas dizem que as gangues que antes se ocupavam de tráfico de drogas e outros crimes passaram ao ramo da extorsão. Detectaram também a presença de bandos de criminosos da Venezuela, Equador e Colômbia atuando no Peru, entre eles o Tren de Aragua, venezuelano, famoso porque Trump deportou para as prisões de El Salvador, membros dessa organização que foram detidos nos Estados Unidos.

O assassinato de Paul Flores foi condenado pela ARENA – Setor de Espetáculos Artísticos, Culturais e Afins, da Câmara de Comércio de Lima, que exigiu medidas efetivas para proteger artistas e empresários do setor.

O ministro do interior do Peru, Juan Jose Santivanez foi alvo de um pedido de voto de desconfiança, por parlamentares da oposição, sob a alegação de que ele não tem um plano para acabar com a violência. O congresso deverá discutir o tema e votar no próximo final de semana.

Os governos peruanos nos últimos anos têm o costume de declarar estado de emergência cada vez que a criminalidade ou a agitação social aumentam. Desta forma as autoridades podem restringir os direitos dos cidadãos, inclusive a liberdade de reunião e de movimentação; com o decreto de estado de emergência a polícia poderá prender as pessoas sem ordem judicial; situação que se costuma chamar de ditadura.

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