O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou o palanque organizado pelo pastor Silas Malafaia em Copacabana, no Rio de Janeiro, para tentar fazer o público acreditar que o seu interesse em uma lei que garanta a anistia para golpistas envolvidos nos atentados do 8 de janeiro é público, desinteressado, voltado ao bem dos cidadãos e em respeito à democracia.
Neste domingo (16), em um ato esvaziado em comparação a outras manifestações, Bolsonaro deu a sua versão sobre as acusações pelas quais responde, afirmando, inclusive, que processos envolvidos. Segundo o ex-presidente, as acusações no caso joias e cartões de vacinação já teriam sido desqualificadas – elas apenas não foram apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O evento contou com a participação de bolsonaristas ilustres, como o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), e do pastor Silas Malafaia.
E, ao longo dos discursos, eles apontaram Bolsonaro como o candidato da direita para as próximas eleições, alegando inclusive que tirá-lo da disputa é uma afronta à democracia.
“Eleições, sem Bolsonaro, é negar a democracia no Brasil. Se sou tão ruim assim, me derrote”, disse o único presidente que não logrou a reeleição desde a redemocratização.
Vale ressaltar que o ex-presidente está inelegível até 2030, condenado pela prática de abuso de poder econômico e dos meios de comunicação.
Bolsonaro tentou emplacar ainda a versão de que todos os inquéritos do Alexandre de Moraes são secretos e que ele teria iniciado a tentativa de golpe em 2021, durante live que questionava a credibilidade das urnas eletrônicas.
“Nosso governo fez o trabalho. Por que perdeu a eleição? Será que a resposta está no inquérito 1361 secreto até hoje?”, apontou.
O ex-presidente também refutou a tese de que teria obsessão pelo poder, pois o que tem é “paixão pelo Brasil”. Afirmou ainda que, se for morto, que os bolsonaristas continuem lutando. “Se estivesse aqui estaria preso ou morto por eles. Eu serei um problema para eles preso ou morto. Mas, vejo a chama acessa, da esperança”, afirmou.

Participações
Assim como os demais atos, a manifestação pela anistia contou com os já tradicionais pilares do bolsonarismo, como a religião e o storytelling.
A abertura ficou a cargo do pastor Cláudio Duarte, que soma mais de 10 milhões de seguidores na internet por suas dicas de relacionamento.
“Vamos orar neste momento. senhor, nosso deus, e pai soberano. É em teu nome que nós abrimos esta reunião. Muito mais que um aglomerado de pessoas, apenas um propósito: a justiça para a nossa nação”, afirmou o pastor.
Valdemar Costa neto, liberado apenas na última semana para voltar a falar com Bolsonaro, demonstrou ter memória curta. “Neste governo, a gasolina ficou cara. Então volta, Bolsonaro. Neste governo, a carne ficou cara. Então volta, Bolsonaro.”
Nikolas ferreira insistiu no discurso bolsonarista do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmando que a Justiça deveria estar cuidando de casos de criminalidade em vez de prender “cidadãos inocentes”, classificados como terroristas e condenados por ter, por exemplo, depredado uma estátua com um batom.
O deputado bolsonarista mais atuante nas redes sociais lembrou ainda que a decisão do STF tirou a oportunidade dos condenados de presenciarem momentos importantes de familiares, como casamentos e nascimentos.
Ao longo do evento, três bolsonaristas presos foram usados para tentar criar uma narrativa de injustiça. Um deles foi o empresário baiano Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, que morreu após um mal súbito na Papuda em 2023. A cabeleireira Débora dos Santos, presa por manchar uma estátua de batom, também foi bastante citada pelas autoridades presentes.
Ezequiel Ferreira Luis, condenado por depredar o Palácio do Planalto, também foi amplamente citado.
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