
Quem, em Santa Catarina, aceita a transformação do Estado em paróquia do fascismo, sob o controle absoluto não só do bolsonarismo, mas de Bolsonaro e seus filhos? Quem se submete a essa afronta da família?
É o que pode acontecer com a possível indicação de Carluxo como candidato a senador catarinense pela extrema-direita, por imposição do chefão.
Logo depois de a imprensa amiga espalhar que Carluxo era o preferido do papai, o filho comentou nas redes sociais, entusiasmado:
“Hoje, quase por convocação, considero a possibilidade de atender ao chamado de disputar outro cargo no RJ ou em Estado em que puder ser mais útil ao projeto de libertar o Brasil, sem jamais mudar minha essência”.
Mas a elite econômica catarinense não quer saber da essência de Carluxo. A Federação das Indústrias (Fiesc) já avisou que não aceita Bolsonaro como o coronel de Santa Catarina. Em nota, a entidade alertou:
“Santa Catarina tem lideranças políticas preparadas e legítimas para representá-la no Congresso Nacional. A indústria catarinense defende que a voz do Estado em Brasília deve ser constituída com base no mérito, no diálogo com a sociedade e na profunda conexão com os catarinenses — e não por imposições externas”.
A nota termina assim:
“Nossos congressistas devem estar ligados ao setor produtivo e à população catarinense, para defender com legitimidade e conhecimento de causa os nossos interesses. A Fiesc valoriza a autonomia política do Estado, as lideranças locais e o respeito à trajetória de um Estado que nunca se curvou a projetos alheios à sua realidade”.
É uma resposta ao sujeito que enxerga SC como um reduto manobrável, por ser uma das maiores bases da extrema-direita no Brasil. O filho mais novo, Jair Renan, já é vereador em Balneário Camboriú.

Mas as próprias elites catarinenses ofereceram ao chefe do golpe, por subserviência, o espaço que ele tenta alargar. As elites sempre o acolheram como líder mandão.
Por isso, Bolsonaro tenta tirar do jogo em SC, entre os pré-candidatos da extrema-direita, a deputada Julia Zanatta, que pretendia concorrer a uma das duas vagas ao lado da também deputada Caroline De Toni, ambas do PL.
Pelo pacto familiar do quase presidiário, Caroline ficaria na disputa, mas Carluxo seria o nome para concorrer à outra vaga, porque a extrema-direita está certa de que elegerá os seus dois candidatos.
Bolsonaro imagina dispor no Senado de uma representação familiar que não existe no mundo. Com Flávio, que busca a reeleição pelo Rio, com Eduardo como pretendente por São Paulo, Michelle por Brasília e Carluxo como senador manezinho catarinense.
Esperidião Amin (PP), que busca a reeleição e tenta se aproximar do núcleo do bolsonarismo, foi esnobado por Bolsonaro, apesar das ligações com o governador Jorginho Mello. Não se sabe, nesse imbróglio, qual é a posição do véio da Havan, a maior liderança empresarial do Estado.
Vamos relembrar o que já escrevi na semana passada aqui. Santa Catarina já teve esses senadores, alguns com expressão nacional: Hercílio Luz, Nereu Ramos, Konder Reis, Vilson Pedro Kleinübing, Luiz Henrique da Silveira, Casildo João Maldaner, Jorge Konder Bornhausen, Nelson Wedekin, Ideli Salvatti, Raimundo Colombo.
Carluxo, um vereador medíocre, e o pai, um golpista desastrado, acham que é barbada mandar nos catarinas. Mas até a direita estabelece limites para a humilhação.