O ex-presidente Jair Bolsonaro cumprimenta o tenente-coronel Mauro Cid durante interrogatório no STF. Foto: Ton Molina/STF

A Polícia Federal (PF) encontrou no porta-luvas de um dos carros do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) anotações manuscritas que citam trechos da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.

Os papéis foram apreendidos em 17 de julho, mas não foram incluídos no inquérito de coação, no qual Bolsonaro já é indiciado, por não se enquadrarem no escopo da investigação.

Segundo os investigadores, os rabiscos parecem funcionar como uma “linha do tempo” sobre a colaboração de Cid e podem indicar anotações feitas durante o interrogatório do ex-ajudante de ordens no Supremo Tribunal Federal (STF).

As anotações sugerem possíveis estratégias de defesa. Em um dos trechos, Bolsonaro escreveu: “Não existiam grupos, sim indivíduos (…) considerando – 2 ou 3 reuniões. Defesa + sítio + prisão – várias autoridades. Previa: comissão eleitoral nova eleição”.

Em outra parte, registrou: “Recebi o $ do Braga Netto e repassei p/ o major de Oliveira – pelo volume, menos de 100 mil. Pressão p/PR assinar ‘um decreto’ – defesa ou sítio, mas nada vai acontecer”. Investigadores ressaltam que, apesar da falta de clareza, os apontamentos parecem dialogar com trechos da delação de Cid.

Os papéis também trazem referências a autoridades e episódios específicos. Entre eles, a expressão “Min Fux”, acompanhada de frases como “Estava com a filha em Itatiba/SP” e “Das 8, fiquei 4 semanas fora da Presidência”.

Em outro ponto, Bolsonaro escreveu: “Nem cogitação houve. Decreto de golpe??? Golpe não é legal, constituição, golpe é conspiração” (sic). Há ainda a data “29/nov”, riscada, seguida da anotação: “Plano de fuga – do GSI caso a Presidência fosse sitiada”.

Para a PF, os registros reforçam que Bolsonaro fazia anotações paralelas enquanto Mauro Cid detalhava informações em sua delação.

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Last Update: 22/08/2025