O relatório final da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022 revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou pessoalmente uma minuta de decreto golpista aos comandantes do Exército, da Aeronáutica, da Marinha e ao então ministro da Defesa, Paulo Sérgio. O encontro ocorreu em 7 de dezembro de 2022, no Palácio da Alvorada, com o objetivo de obter apoio das Forças Armadas para garantir a consumação da empreitada criminosa, segundo o documento.
Entre os participantes estavam o almirante Almir Garnier, comandante da Marinha, o general Freire Gomes, comandante do Exército à época, e o tenente-brigadeiro-do-ar Baptista Júnior, da Aeronáutica. Enquanto os comandantes do Exército e da Aeronáutica rejeitaram o plano, o almirante Garnier teria se colocado à disposição para seguir as ordens.
A resistência dos comandantes do Exército e da Aeronáutica marcou o fracasso do plano, frustrando as intenções de Bolsonaro, que ficou com medo de seguir em frente. Segundo a PF, o ex-presidente chegou a assinar o decreto golpista, mas o documento teria sido destruído por integrantes do alto comando militar.
Vale lembrar que, apesar de não participarem da trama golpista, os comandantes do Exército e da Aeronáutica deveriam interferir na intentona, considerando que eles têm poder para barrar um esquema criminoso, o que não fizeram e podem ser enquadrados em prevaricação.
Ainda assim, aliados de Bolsonaro continuaram articulando medidas para reverter o resultado eleitoral, como a disseminação de desinformação sobre as urnas eletrônicas. Essas ações culminaram nos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023, em uma tentativa de desestabilizar a democracia brasileira.
O relatório de 884 páginas aponta que o grupo criminoso, composto por 37 indiciados, atuava em seis núcleos organizados para minar a confiança no sistema eleitoral. Entre as ações planejadas estava o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Todos os indiciados, incluindo Bolsonaro, negam as acusações. Na última terça-feira (26), Moraes enviou o relatório à Procuradoria-Geral da República, que agora analisará a consistência das provas para decidir se apresentará denúncias ou solicitará novas diligências.
Caso a PGR apresente denúncias e estas sejam aceitas pelo STF, Bolsonaro e os outros 36 indiciados se tornam réus. No âmbito judicial, poderão apresentar suas defesas e enfrentar o julgamento pelas acusações de tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e ataques contra a ordem democrática.
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