Bolsonaro vendo vídeo de ato no celular. Foto: Reprodução

Com a restrição judicial que o impede de sair de casa nos fins de semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou por videochamada de manifestações organizadas por seus apoiadores no domingo (3). Durante o ato realizado em Copacabana, no Rio, sua voz foi transmitida por telefone no sistema de som, e a cena foi registrada em vídeo publicado no perfil do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A publicação gerou alerta entre interlocutores do STF, que veem possibilidade de descumprimento das medidas cautelares. Com informações do UOL.

Como adiantou o DCM, o Supremo pode ser provocado pela Procuradoria-Geral da República ou por partidos políticos para avaliar se houve quebra das restrições. Caso se entenda que a participação virtual teve caráter de incitação ou mobilização, pode haver novas sanções — inclusive o pedido de prisão preventiva, caso se identifique risco de obstrução da Justiça ou continuidade delitiva.

As condições impostas por Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre tentativa de golpe, proíbem Bolsonaro de usar redes sociais — inclusive de terceiros — e de transformar falas públicas em material de divulgação digital. Em despacho anterior, Moraes alertou que não seriam aceitos “subterfúgios” que configurassem burla à decisão judicial. Para juristas, a participação do ex-presidente, ainda que indireta, pode ser analisada como infração à ordem judicial.

O advogado Matheus Falivene, doutor em Direito Penal pela USP, avalia que o uso da rede de Flávio para publicar a saudação de Bolsonaro pode abrir espaço para um novo pedido de prisão. “O fato abre esse debate. A cautelar é discutível, mas o descumprimento dela gera risco de medidas mais duras ou até prisão”, disse. Já o professor Davi Tangerino, da UERJ, considerou evidente a quebra da ordem judicial, mesmo reconhecendo problemas na formulação da cautelar.

Em Brasília, a deputada Bia Kicis (PL-DF) afirmou que Bolsonaro teria se emocionado durante a videochamada. Ele também apareceu em São Paulo, numa chamada exibida por Nikolas Ferreira (PL-MG) na Avenida Paulista. O deputado mostrou o celular ao público e declarou: “Não pode falar, mas pode ver”.

Os atos tiveram foco o ataque ao STF e a defesa dos envolvidos nos atos golpistas. Faixas contra Moraes e cartazes exaltando Trump foram vistos nas principais capitais. Em Brasília, a manifestação contou com símbolos como bandeiras do Brasil e dos EUA, reforçando o discurso bolsonarista de perseguição e tentativa de reabilitação política diante das investigações em curso.

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Last Update: 03/08/2025