Jair Bolsonaro pode ter suas contas e bens bloqueados por bancar financeiramente o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. A informação é da colunista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
O alerta veio à tona depois que o ex-ministro do Turismo Gilson Machado lançou, na semana passada, uma nova vaquinha para arrecadar dinheiro via Pix para o ex-presidente. O motivo? Segundo Machado, Bolsonaro está “ajudando” Eduardo a viver no exterior — e “não é barato morar nos EUA”.
De acordo com ele, dos R$ 17 milhões arrecadados em uma campanha anterior, Bolsonaro já teria gasto R$ 8 milhões em um ano. Parte desse valor, segundo Machado, foi destinada diretamente a Eduardo, que está nos Estados Unidos fazendo campanha para que o governo de Donald Trump pressione por sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Leia também: Deputados dizem que Eduardo Bolsonaro é réu confesso e traidor da pátria
O próprio Bolsonaro confirmou que está sustentando o filho: “Estou bancando as despesas dele [Eduardo] agora. Se não fosse o PIX, eu não teria como bancar essa despesa, ele está sem salário e fazendo o seu trabalho de interlocução com autoridades no exterior. O que queremos é garantir a nossa democracia, não queremos um judiciário parcial”, afirmou.
Essas declarações acenderam o alerta no Supremo Tribunal Federal. Ministros da Corte avaliam que Bolsonaro, ao admitir o financiamento da atuação do filho, está assumindo que sustenta ações que fazem parte das investigações contra Eduardo — entre elas, coação no curso do processo contra o pai, obstrução de investigação e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, reforçou essa linha. Em seu pedido de abertura de inquérito contra Eduardo Bolsonaro, ele argumentou que Jair Bolsonaro deve ser ouvido, já que é “diretamente beneficiado pela conduta descrita [os atos do filho contra o STF nos EUA]” e admitiu ser o responsável por manter Eduardo financeiramente no território americano.
Leia também: Eduardo Bolsonaro precisa respeitar o Brasil, diz Márcio Jerry
Gonet ainda deixou aberta a possibilidade de novas medidas contra o ex-presidente: ao fim do documento, afirmou que requer providências “sem embargo de outras, até de índole cautelar, que o desenvolvimento dos acontecimentos possa recomendar”.
As movimentações judiciais podem colocar Jair Bolsonaro em risco iminente de bloqueio de bens, em mais um desdobramento da crise que se intensifica entre o bolsonarismo e o STF.
__
com agências