Parlamentares protestaram em plenário contra o plano de Bolsonaro e alguns militares que planejaram a morte de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou na tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (27/11), que não tem como Bolsonaro negar: “Ele estava com a mão no golpe. Ele planejou, atuou e teve domínio do plano”, acusou. A deputada alertou ainda que isso é um filme que nós temos que relembrar. Não podemos só ver. “O retrato de agora começa em 2019, quando eles instalam no Palácio do Planalto o gabinete do ódio, disseminando mentira e violência e, portanto, elevando a radicalidade da política brasileira. É esse gabinete do ódio que dá sequência a uma série de ações e intervenções dos bolsonaristas e que culmina com a tentativa de golpe porque perderam a Presidência da República”, completou.

Gleisi Hoffmann destacou que ontem (26/11) o Brasil conheceu o relatório do inquérito policial que apura a tentativa de golpe e também a tentativa de assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. “Um inquérito muito consistente, um relatório muito detalhado e uma das partes mais importantes desse relatório diz claramente que Jair Bolsonaro planejou, atuou e teve o domínio do plano de golpe no País”, enfatizou.

Bolsonaro planejou o golpe

A deputada relembrou que, durante toda essa semana, Bolsonaro estava negando, dizendo que desconhecia, que nunca quis dar golpe, que nunca planejou o golpe. “Pois ele planejou. E a riqueza de detalhes do relatório é muito importante. No dia 9 de novembro do ano de 2022, o Mário Fernandes, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, ali do lado da sala do Bolsonaro, no Palácio do Planalto, imprime nove cópias na impressora do Palácio do Planalto do plano do golpe e, na sequência, leva ao Palácio Alvorada para entregar para o então presidente no dia 12 de novembro, na casa do general Braga Netto, candidato a vice-presidente de Bolsonaro em 2022”.

Gleisi informou ainda que Braga Netto também fez uma reunião com várias pessoas, entre elas o general Mário Fernandes, para planejar a morte de Alexandre de Moraes, de Lula e de Alckmin. “E tem mais. Tem a Operação 142, que foi encontrada na mesa do assessor do Braga Netto, com várias ações e uma delas é Lula não vai subir a rampa. Então o homem bomba que se explodiu aqui na Praça dos Três Poderes, é resultado disso, aliás, de milhares e milhares de comunidades espalhadas nas redes sociais, que incentivam as pessoas a violência, o ódio, a agir por si mesmas para chegar a um determinado objetivo que eles implantam na cabeça das pessoas. É muito triste isso. Por isso nós temos que regulamentar as redes sociais”, defendeu.

Sem anistia

“Agora a gente está ouvindo que eles querem anistia para pacificar o Brasil. Ora, a paz que vocês querem é a paz dos cemitérios assassinando seus adversários políticos? Isso nós não podemos admitir. É sem anistia, essa gente tem que pagar por todos os crimes que cometeram, porque se tiver anistia, nós vamos estar dizendo para o Brasil que isso pode ser feito de novo. Podem fazer como foi a ditadura militar de 64, que não teve a punição devida aos assassinos. E aí a gente vê se repetir novamente essas tentativas. Então, para vocês e sem anistia, paguem pelos crimes que cometeram”, afirmou.

Prisão preventiva para Bolsonaro

O deputado Padre João (PT-MG), ao falar sobre o inquérito da Polícia Federal, pediu a prisão preventiva de Bolsonaro. “Defendo que todas as medidas sejam tomadas, incluindo a prisão preventiva de Jair Bolsonaro — porque ele vai querer fugir —, para que ele não escape de responder pelos seus crimes”, defendeu. O deputado enfatizou que as investigações da Polícia Federal foram minuciosas e incontestáveis e revelam um plano abominável. “Conduzido por quem? Pelo Jair Bolsonaro e seus aliados mais próximos. O Jair Bolsonaro sabia e ajudou a planejar, e não se trata apenas de uma tentativa de golpe de Estado, mas de um ataque direto à vida e à democracia, com planos para envenenar o presidente Lula, o vice Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. “E querem achar que isso é normal?”, indignou o deputado.

Na avaliação do parlamentar, os golpistas querem naturalizar o crime, as tentativas de assassinato, planejamento de assassinato e de golpe. “Querem naturalizar, mas o brasileiro não pode tolerar isso. Esses atos não podem ser tolerados! O Brasil exige justiça! Não podemos permitir que alguém que tramou contra a vida de líderes legitimamente eleitos e que utilizou recursos públicos para destruir as bases democráticas permaneça assim impune! Não podemos permitir”, reforçou.

Para Padre João, as autoridades competentes, especialmente o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal precisam apurar, com a legitimidade que têm, rigorosamente essas acusações para que “Bolsonaro seja responsabilizado em toda a extensão da lei, com pedido, inclusive, de prisão preventiva caso seja comprovado o envolvimento, que está claro no inquérito”. O deputado disse ainda que este não é o momento para hesitação ou condescendência. “É o momento para mostrar que o Brasil não será conivente com práticas autoritárias e criminosas”, conclui.

Falsos patriotas

O deputado Marcon (PT-RS) questionou que patriotas são esses que se dizem brasileiros, que defendem a pátria e a família, mas que tramam assassinatos de presidente da República e de ministro do Supremo. “Que patriotas são esses que tramam um golpe contra a democracia, contra o povo brasileiro. Isso é porque eles queriam ficar no poder. Tentaram pela morte do Lula; tentaram com a questão das urnas, e não conseguiram, porque o povo brasileiro elegeu o Lula Presidente da República; tentaram na questão do caminhão de querosene, lá no aeroporto; e, depois, no ato de 8 de janeiro” enumerou.

Para Marcon, está na hora de dar um basta para esses que se dizem patriotas, mas que nunca respeitaram a Constituição brasileira. “Está na hora de a Justiça declarar a prisão do capitão e ex-presidente Bolsonaro e do coordenador de atos contra a democracia, o general Braga Netto. O Brasil está cansado de ver tanto ódio! O Brasil está cansado de ver tantas tentativas contra a Constituição Federal!”, desabafou.

Trama estarrecedora

O deputado Tadeu Veneri (PT-PR) considerou os fatos envolvendo a trama golpista estarrecedora e ironizou: “Vimos também que todo machão de cozinha no fundo é um covarde, porque o que aquele ex-presidente golpista pretendia era fugir do País. Hoje a Polícia Federal coloca claramente que Jair Bolsonaro tinha, enquanto o 8 de janeiro acontecia, o projeto de ficar fora do País para ver se, se desse certo, voltava ou, se não desse certo, ficava por lá”.

O deputado afirmou quem, lamentavelmente, os golpistas continuam articulando, continuam se organizando. “E a única solução para que nós tenhamos de fato a democracia no País é cadeia para os golpistas. Não há que haver anistia. Não há que haver condescendência com golpista”, pediu.

Instituições fortes

A deputada Reginete Bispo (PT-RS) ressaltou que foram inúmeras ações violentas e uma tentativa de golpe imposta ao povo brasileiro, não reconhecendo o voto popular e a vontade do povo. “Autoridades das Forças Armadas e o próprio presidente da República, com parte do seu ministério, tramaram contra o povo brasileiro, tramaram contra a democracia. Tentaram matar o presidente eleito Lula, um ministro do Supremo e o vice-presidente da República. É um absurdo que essas pessoas ainda não estejam presas!”, protestou.

Ela enfatizou que, além do presidente da República, o general e ministro da Defesa Braga Netto, que deveria defender o País, defender a democracia, foi um dos mentores do golpe, que, felizmente, foi abortado. “E foi abortado porque o Brasil tem instituições fortes, como esta Casa, mas como a Suprema Corte e o Governo Federal. Senão, hoje, haveria um caos, um caos como foram os 4 anos do Governo Bolsonaro”. Reginete ainda pediu que todos os mentores desse golpe sejam imediatamente presos. “Esse é o lugar deles. Quem não respeita a democracia não pode ocupar espaço na gestão pública deste País”, concluiu.

Apuração rigorosa

Na avaliação do deputado João Daniel (PT-SE) agora, com o relatório da Polícia Federal, está provado “que verdadeiramente o Palácio do Planalto vinha sendo ocupado por alguém que queria, que planejou, não só dar o golpe, como assassinar o presidente eleito, o vice e um ministro da Suprema Corte”. Ele sugeriu a apuração e punição exemplar de todos aqueles que planejaram assassinatos e que prepararam golpes para inviabilizar a democracia. “E, ao mesmo tempo, quero parabenizar as Forças Armadas e grande parte dos generais, que tiveram coragem e respeito à Constituição, que representaram o papel delas de fortalecer a democracia, que respeitaram o resultado das eleições para que o nosso País continue forte e firme, governado por um grande líder popular”, finalizou.

 

Vânia Rodrigues

 

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Last Update: 27/11/2024