O candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo (SP), Pablo Marçal, que está em ascensão nas pesquisas, foi alvo de críticas e ironias do núcleo bolsonarista nas últimas horas, em meio à sua tentativa de angariar apoio do eleitorado mais conservador, enfraquecendo a candidatura do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Em um comentário no Instagram, Marçal fez elogios ao ex-presidente da República e recebeu respostas irônicas tanto por parte de Jair Bolsonaro (PL) quanto do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Em uma postagem publicada por Bolsonaro na qual o ex-presidente destacava investimentos de seu governo no setor ferroviário, Marçal escreveu: “Para cima deles, capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós”.
O comentário de Marçal na publicação de Bolsonaro também foi alvo de Eduardo Bolsonaro e apoiadores do ex-presidente. “Estranho. Em 2022 você disse que a diferença entre Lula e Bolsonaro é que um deles tinha um dedo a menos. Só acordou agora? Tá parecendo até o Mourão”, atacou o deputado.
Outros militantes acusaram Marçal de estar tentando atrair apoio de eleitores de Jair Bolsonaro para a disputa pela Prefeitura de São Paulo. “Surfando na onda de Bolsonaro”, escreveu uma seguidora do ex-presidente.
Bolsonaro, então, respondeu ao comentário do candidato do PRTB: “Nós? Um abraço.” Marçal partiu, então, para a réplica, rebatendo o comentário de Bolsonaro. “Isso mesmo, presidente. Coloquei 100 mil na sua campanha, te ajudei com os influenciadores, te ajudei no digital, fiz você gravar mais de 800 vídeos. Por te ajudar, entrei para a lista de investigados da PF. Se não existe o nós, seja mais claro”, escreveu o candidato a prefeito de São Paulo.
“Todos os nossos desentendimentos foram justamente porque fui candidato a presidente, e nós dois já resolvemos durante a eleição […] E Se quiser me excluir do nós, te peço humildemente que devolva os 100 mil que investi na sua campanha, porque a minha candidatura em São Paulo não tem dinheiro público. Agora, se o senhor não contribuir com a minha campanha, considere o nós como realidade”, completou Marçal.
Crise na campanha de Nunes
Nos últimos dias, a campanha de Ricardo Nunes entrou em alerta após pesquisas internas apontarem que Marçal vem avançando sobre o eleitorado bolsonarista na maior cidade do Brasil, tirando votos de Nunes. Na semana passada, Bolsonaro fez elogios públicos a Marçal e admitiu que Nunes não era o “candidato dos sonhos”, embora tenha reiterado que apoiaria a reeleição do prefeito de São Paulo.
Em vídeo gravado na segunda-feira (19), o ex-presidente da República adotou um tom mais explícito ao declarar e pedir voto em Nunes.
“Nós vamos apoiar Ricardo Nunes para a reeleição. Para que não haja dúvida, o nosso vice é o coronel Mello Araújo, 22. Eu peço, para o bem da cidade, para o bem de todos nós, que reeleja Ricardo Nunes para a prefeitura de São Paulo”, afirma Bolsonaro.
Marçal, por sua vez, rebateu a declaração de Bolsonaro, afirmando que a candidatura em São Paulo não tem dinheiro público e que, se o ex-presidente não contribuir com a sua campanha, consideraria o “nós” como realidade.
A crise na campanha de Nunes pode ter consequências importantes para a disputa pela Prefeitura de São Paulo, uma das mais importantes do país.
A situação também pode afetar a imagem de Bolsonaro, que tenta se reeleger em 2026 e precisa manter o apoio dos eleitores conservadores.
A disputa entre Marçal e Bolsonaro pode ser um indicador da fragmentação do eleitorado conservador no Brasil e da busca por novos aliados políticos.