A Polícia Federal concluiu a investigação sobre o desvio de joias recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante seu mandato e o indiciou pelos crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e peculato.

O relatório da PF, que mira outras 11 pessoas do entorno do ex-capitão, chegará ao Supremo Tribunal Federal. Na sequência, caberá à Procuradoria-Geral da República decidir se apresenta uma denúncia, arquiva o caso ou pede novas diligências.

A investigação começou em março de 2023, depois de o jornal O Estado de S. Paulo revelar a apreensão de um kit de joias da Arábia Saudita no aeroporto de Guarulhos (SP). Os itens estavam na bagagem de um assessor do Ministério de Minas e Energia e foram confiscados pela Receita Federal.

Para tentar reaver os itens antes da saída de Bolsonaro da Presidência, o tenente-coronel Mauro Cid chegou a mobilizar a sua equipe, sem sucesso.

Um segundo conjunto de joias, com um relógio, uma caneta, um par de abotoaduras, um anel e um tipo de rosário, foi trazido ao País na mesma leva e entregue ao então presidente em 29 de novembro de 2022 pelo assessor especial do MME Antônio Carlos Ramos de Mello.

Os investigadores da PF reconstruíram a cronologia do esquema desde que os presentes foram recebidos por Bolsonaro, o deslocamento e a venda dos itens no Estados Unidos, e a operação deflagrada para recuperar os objetos após o caso entrar na mira da Justiça.

Boa parte das provas foi obtida na nuvem do celular, do laptop e de e-mails de Cid, que era ajudante de ordens de Bolsonaro. Em setembro de 2023, o tenente-coronel fechou uma delação premiada com a PF.

Agentes da PF também foram aos Estados Unidos para reunir outros indícios da comercialização dos objetos. Em cooperação com o FBI, os agentes foram a cidades como Miami e Nova York a fim de acessar imagens de câmeras de segurança e colher depoimentos.

O indiciamento nesta quinta-feira é resultado da Operação Lucas 12:2, deflagrada no ano passado para investigar um esquema de desvio de bens de alto valor entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro.

De acordo com a PF, montante obtido a partir da venda desses itens no exterior foi convertido em dinheiro em espécie e entrou no patrimônio pessoal dos investigados. Eles não utilizaram o sistema bancário formal, a fim de ocultar a origem, a localização e a propriedade dos valores.

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Última Atualização: 04/07/2024