O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o 2º Seminário Nacional de Comunicação do Partido Liberal em Fortaleza, no Ceará. Foto: Reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou, na última sexta-feira (30), no 2º Seminário Nacional de Comunicação do Partido Liberal, um evento sobre ferramentas de inteligência artificial no qual o Google e a Meta deram espaço para o discurso de ódio. A oficina aconteceu em Fortaleza, no Ceará, conforme informações do jornalista Sérgio de Sousa, do Intercept Brasil, que esteve presente.

Além das declarações de Bolsonaro, o “treinamento de guerra digital” não foi ministrado por qualquer um: os palestrantes eram executivos das próprias big techs, como a Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp) e o Google.

O ex-capitão usou o evento para afirmar que a nova aposta da extrema-direita é investir no potencial que a inteligência artificial oferece para moldar imagens, editar vídeos, construir narrativas e vencer a guerra da atenção nas redes.

Uma coisa é clara: a extrema-direita brasileira está sendo treinada por Google e Meta para dominar a inteligência artificial e as redes sociais em 2026. E Bolsonaro fez questão de “selar” a aliança, dizendo que “as big techs estão do lado certo”.

Bolsonaro repetiu seu discurso manjado sobre liberdade de expressão, atacando o Supremo Tribunal Federal, afirmando que Lula e Janja estariam importando um modelo de censura da China e, o mais grave, sugerindo que um “país da parte norte da América” pudesse intervir para “acabar com essa palhaçada do STF”.

Representantes do Google e da Meta deram a centenas de influenciadores e assessores políticos conservadores uma aula de como usar a inteligência artificial como arma e recurso estratégico de poder para a extrema-direita nos próximos anos.

No “treinamento de guerra”, os influenciadores bolsonaristas foram tratados como elite da operação digital. Com assentos reservados e pulseiras de acesso exclusivo, foram saudados por Bolsonaro como “a chama que garantirá a vitória”.

De camisas com estampas como “Liberty, Guns, Bolsonaro, Trump” a funk com versos como “Vai usar roupa do Ustra/E ser fã do Bolsonaro”, tudo no evento reafirmava uma identidade política baseada em mitos, memes e polarização.

“Eu sou robô do Bolsonaro”

Além disso, não é nenhum segredo o compartilhamento sistemático de campanhas desinformativas nas redes ou o uso de bots para viralizar assuntos na internet por parte de membros da direita. E o assunto foi tratado como chacota pelo senador Rogério Marinho (PL-RN).

Ao lado de Bolsonaro, o parlamentar disse: “Tá cheio de robô do Bolsonaro aqui. Quero agora que todos gritem: ‘volta, capitão’”. A fala faz referência a um vídeo que viralizou na campanha de 2018, no qual bolsonaristas simulam movimentos robóticos e afirmam: “Eu sou robô do Bolsonaro”.

O próprio ex-presidente, no encerramento do evento, evocou a liberdade de expressão como bandeira principal — ao mesmo tempo em que criticava projetos de regulação das redes, como o PL das Fake News, apoiado pelo governo do presidente Lula (PT).

“Eu lembro lá atrás quando eu criei ‘Deus, Pátria e Família’, e faltava uma coisa. Faltava o espírito. E daí veio a palavra liberdade. Uma pessoa sem liberdade é uma pessoa sem vida”, disse Bolsonaro durante o evento.

Um pitaco do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) não podia faltar. Responsável por coordenar a presença digital do pai, Carluxo revelou que administra cerca de 15 perfis diferentes por plataforma, em canais como Instagram, Facebook, Telegram, Gettr, Kwai e até o Truth Social.

“É como o professor Olavo sempre disse: ocupar os espaços”, disse o filho “02” de Bolsonaro.

Pelo jeito, o que era apenas disputa de narrativas em 2018 agora entra no terreno da manipulação técnica — com apoio direto dos donos do jogo aos aliados de Bolsonaro. O evento, coordenado pela extrema-direita, foi um ensaio para o futuro próximo.

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Last Update: 05/06/2025