Jair e Eduardo Bolsonaro: ex-presidente foi intimado por Moraes por financiar estadia do filho nos EUA. Foto: Tomzé Fonseca/Estadão

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (26) a abertura de inquérito contra o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por supostos crimes de coação, obstrução de Justiça e ameaça ao Estado Democrático de Direito.  O ministro também intimou Jair Bolsonaro a depor em até dez dias, por ser “diretamente beneficiado” pelas ações do filho,

Moraes determinou que Eduardo preste esclarecimentos por escrito, já que está nos Estados Unidos, e ordenou à Polícia Federal que preserve suas publicações nas redes sociais.

A decisão atende a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que acusa o parlamentar de atuar nos Estados Unidos para pressionar por sanções contra ministros do STF, em especial contra o próprio Moraes.

O caso ganhou força após declarações do secretário de Estado americano Marco Rubio, que confirmou que o governo Donald Trump avalia punições contra Moraes. “Está em análise neste momento e há uma grande possibilidade de acontecer”, afirmou Rubio.

A PGR, liderada pelo procurador-geral Paulo Gonet, argumenta que Eduardo Bolsonaro busca interferir no andamento do processo sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, no qual seu pai, Jair Bolsonaro, é réu por tentativa de golpe de Estado.

Eduardo Bolsonaro durante evento da extrema-direita nos EUA. Foto: Saul Loeb/AFP

“Os eventos narrados apontam para a figura penal da coação no curso do processo, do embaraço à investigação de infração penal que envolva organização criminosa”, afirmou Gonet em seu pedido. A PGR solicitou que autoridades diplomáticas brasileiras nos EUA sejam ouvidas sobre o caso.

Bolsonaro também declarou nas redes sociais, recentemente, que estaria contribuindo para a estadia do filho no exterior.

Após a abertura do inquérito, Eduardo Bolsonaro usou as redes sociais para atacar Moraes, Gonet e o presidente Lula (PT). “Eles estão confirmando tudo aquilo que a gente sempre falou, de que o Brasil é um estado de exceção, que depende do cliente, dos fatos políticos. Eles vão tomar as ações judiciais, que não tem nada mais baseado em lei”, escreveu.

Em outra publicação, ironizou: “Antes eu era chacota, hoje sou ameaça à democracia”. O deputado licenciado deixou o Brasil em março e declarou que buscaria “sanções aos violadores de direitos humanos”, em referência a Moraes.

O inquérito surge em meio ao avanço do julgamento sobre os atos golpistas de 2023. A PGR destacou que Eduardo Bolsonaro havia declarado publicamente que intensificaria a pressão por sanções à medida que o STF progredisse na análise do caso contra seu pai.

As movimentações do parlamentar geraram reações até entre ministros indicados por Jair Bolsonaro, que demonstraram solidariedade a Moraes. “Eles não entendem que o que sinalizam é, obtendo uma punição a você pelo exercício do trabalho, sinalizam que amanhã o mesmo pode ser feito contra cada um de nós”, relatou um integrante da Corte.

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Last Update: 26/05/2025