Indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que nunca discutiu “um movimento de força” com ninguém, mas que “estudou” todas as possibilidades previstas na Constituição para impedir que seu adversário nas urnas em 2022, o presidente eleito Lula (PT), tomasse posse do cargo. As declarações foram dadas nesta segunda-feira (25).
“Nunca discuti um movimento de força com ninguém. Se alguém viesse falar de movimento de força comigo, eu perguntaria: ‘E o dia seguinte? Como a gente fica perante o mundo?’”, disse Bolsonaro à imprensa, no aeroporto de Brasília, após chegar de Maceió (AL).
“Agora, todas as medidas possíveis, dentro das quatro linhas, dentro da Constituição, eu estudei“, afirmou o ex-presidente.
Já é sabido que Bolsonaro tinha simpatia pela ideia de decretar “estado de sítio”, que é uma medida constitucional e que pode ser acionada pelo presidente da República, mas somente em situações de grave comoção nacional ou quando as ações durante um estado de defesa se mostrarem ineficazes
Na última sexta-feira (22), a PF enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o indiciamento de Bolsonaro e outras 36 pessoas, entre elas militares próximos ao antigo governo, por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Ao longo das investigações, a PF encontrou diversas provas sobre planos de aspiração golpista que tinham como objetivo final impedir que Bolsonaro deixasse o Palácio do Planalto. As investigações, inclusive, descobriram uma trama para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSDB) e o ministro do Suprema Corte, Alexandre de Moraes.
O indiciamento, no entanto, é apenas o primeiro passo para uma eventual condenação dos envolvidos ou arquivamento do caso. Hoje (26), o relatório da PF deve ser encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que definirá o seguimento ou não da denúncia.
Ontem, a imprensa, Bolsonaro ainda insistiu que tratar de golpe seria uma “loucura” e sugeriu que – talvez – ele tenha sido a vítima. “É uma loucura falar em golpe, meu Deus do céu, uma loucura. Golpe com militares da reserva e cinco da ativa? Pelo amor de Deus! E outra coisa. Golpe existe em cima de uma autoridade constituída, que já tomou posse. O Lula já tinha tomado posse? Só se fosse em cima de mim o golpe”, argumentou.
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