A bancada bolsonarista na Câmara e no Senado está atordoada após a apresentação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro e mais 33 acusados pela tentativa de golpe de Estado.

Diante do relatório da PGR, que apresenta diversos elementos de provas envolvendo os acusados, os parlamentares perderam o rumo e passaram a desqualificar a acusação sem argumento plausível.

Dessa forma, os extremistas tentaram abafar a voz dos governistas que traziam à tona os detalhes do relatório e da suspensão do sigilo da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Além de observarem os projetos da anistia para os condenados do 8 de janeiro e a mudança da Lei da Ficha Limpa perderem força, eles foram advertidos pelo presidente da Câmara dos Deputado, Hugo Motta (Republicanos-PB), pelo destempero no plenário. “Eu não aceitarei esse tipo de comportamento”, adverte Motta.

Também ouviram do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que não terão espaço para levar adiante a pauta do projeto da anistia, que tenta livrar da inelegibilidade o líder maior.

“Isso não é um assunto que nós estamos debatendo. Quando a gente fala desse assunto a todo instante, a gente está dando de novo a oportunidade de nós ficarmos na nossa sociedade, dividindo, um assunto que não é o assunto dos brasileiros”, afirma Alcolumbre a jornalistas.

As agressões começaram cedo, mas foram todas revidadas no mesmo momento. Como foi o caso da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), chamada de mentirosa no plenário.

“Pelo tom de voz do deputado que foi à tribuna, nós vemos quem é que está em desespero. Eu fui muito serena na minha fala. O tom de voz mostra onde está morando o desespero. É importante dizer que nós estamos fazendo o nosso pronunciamento baseado em documentos, em dados, em provas”, reage a parlamentar.

Na condição de integrante da CPMI do Golpe, a deputada lembrou que o colegiado apontou 61 nomes para indiciamento e Bolsonaro encabeçava a organização criminosa, “uma organização armada”.

“Pela primeira vez, o Brasil tem condição de punir militares de alta patente, inclusive generais, que atentam contra a vida, contra a democracia, torturando pessoas, atacando os lutadores pela liberdade. Portanto, se houver muito estresse aqui, eu posso passar um ansiolítico. Eu tenho receita”, provoca a deputada, que é médica.

Lindbergh Farias (RJ) não consegue concluir discurso.

Tumulto

O ápice do desespero bolsonarista se deu quando a presidente da sessão, Delegada Katarina (PSD-SE), deu a palavra ao líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ).

“Mensaleiro! Mensaleiro!”, gritavam os bolsonarista no plenário sem ceder ao apelo da Delegada Katarina para se manterem em silêncio.

“Eu vejo essa cena patética. Primeiro, eles disseram o seguinte: ‘Bolsonaro não está sendo preso nem vai ser preso por corrupção’. Senhores, prestem atenção! Hoje foi divulgada, tornada pública, a delação do tenente-Coronel Mauro Cid. Sabem o que ele disse? Que o pai dele vendeu as joias e deu R$ 445 mil de dinheiro roubado nas mãos de Jair Bolsonaro”, discursa Lindbergh, que não consegue prosseguir.

“Colegas, vamos fazer um pouco de silêncio, por favor”, apelava a presidente da sessão, sem sucesso. A sessão foi suspensa.

No retorno, o presidente da Câmara foi ladeado por deputadas que prestaram solidariedade à colega que presidia a sessão. “Ninguém vai desrespeitar uma parlamentar ou qualquer parlamentar que esteja no exercício da Presidência. Nós não vamos aceitar isso”, adverte Motta.

“Eu entendo o ambiente turbulento político que o país enfrenta diante dos últimos acontecimentos, mas eu quero dizer que, se Vossas Excelências estão confundindo este presidente com uma pessoa paciente, com uma pessoa serena, com um presidente frouxo, vocês ainda não me conhecem!”, disse aos bolsonarista.

“As lideranças fizeram o uso da palavra. O peputado Nikolas Ferreira (PL-MG) falou pela oposição, o deputado Lindbergh Farias tentou falar pelo PT, foi constantemente atrapalhado durante a sua fala, não conseguia concluir o que estava fazendo”, lembra.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 20/02/2025