
Após a revelação das condições do presídio onde está detida, apoiadores da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) passaram a afirmar nas redes sociais que a parlamentar está sendo submetida a um tratamento “incompatível com os princípios da dignidade humana”. Presa desde o dia 29 de julho na Penitenciária de Rebibbia, em Roma, Zambelli cumpre medida provisória enquanto aguarda o processo de extradição solicitado pelo Brasil.
A penitenciária, localizada no norte da capital italiana, é considerada a maior do país e abriga homens e mulheres, entre eles, criminosos de alta periculosidade, como mafiosos e condenados por terrorismo. A ala feminina, onde está Zambelli, é oficialmente chamada de Casa Penitenciária Germana Stefanini e possui capacidade para 275 internas. No entanto, de acordo com dados do Ministério da Justiça da Itália, o número de mulheres presas atualmente chega a 369, uma superlotação que tem sido apontada como argumento pelos defensores da parlamentar nas redes sociais.
O histórico do presídio é marcado por nomes emblemáticos do crime organizado. Entre os detentos mais notórios que passaram por Rebibbia está Giovanni Brusca, membro da Cosa Nostra, responsável pelo assassinato do juiz antimáfia Giovanni Falcone, em 1992. Conhecido como “porco” e “matador de pessoas”, Brusca ficou detido no complexo por mais de vinte anos. Outro mafioso, Pasquale Scotti — líder da Nuova Camorra Organizzata e condenado por mais de vinte homicídios — também passou pelo local após ser capturado no Brasil, em 2015, onde vivia com documentos falsos.
Zambelli foi condenada a dez anos de prisão por financiar uma tentativa de invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Apesar de ainda haver recursos pendentes no processo, a deputada deixou o país rumo à Itália, da qual também possui cidadania. Em 3 de junho, ela própria comunicou publicamente sua ida ao país europeu. Diante da fuga, a Justiça brasileira emitiu um mandado de prisão e incluiu seu nome na lista de procurados da Interpol. As redes sociais da parlamentar foram suspensas por decisão judicial.
A prisão em território italiano foi confirmada pelas autoridades locais após uma denúncia feita pelo deputado Angelo Bonelli, que afirmou ter localizado o endereço de Zambelli em Roma e repassado a informação às autoridades. Já o delegado Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, declarou que a operação só foi possível graças ao acordo de cooperação entre os dois países e que o processo de extradição está em curso.
Antes de ser presa, já em solo italiano, Zambelli anexou documentos aos autos do processo argumentando que as prisões brasileiras colocariam sua integridade física em risco e que não sobreviveria no sistema carcerário nacional. Agora, com sua detenção em um dos presídios mais duros da Europa, seus apoiadores alegam, ironicamente, que as condições que ela dizia temer no Brasil são, na verdade, mais brandas do que as que enfrenta em Roma.
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