Dois vereadores estreantes na Câmara Municipal de São Paulo, Amanda Vettorazzo (União) e Lucas Pavanato (PL), iniciaram seus mandatos protocolando três CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) contra movimentos sociais e ONGs. As iniciativas miram o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), a Frente de Luta por Moradia (FLM) e organizações que atuam na Cracolândia. Segundo reportagem do UOL, as ações buscam mobilizar o eleitorado bolsonarista e manter os dois políticos em evidência.
Amanda Vettorazzo, ex-integrante do MBL, protocolou um pedido de CPI para investigar o MTST e a FLM, associando as ocupações de moradia a desastres ambientais. Em documento, ela afirmou que “as áreas e propriedades invadidas comumente são áreas de risco, como prédios com risco estrutural e áreas de encosta com risco de deslizamento”. Em uma postagem nas redes sociais, Vettorazzo declarou: “Vou tratar invasores como criminosos terroristas”. Para ela, a CPI também busca investigar supostos pagamentos de aluguéis em ocupações e rastrear o destino desses valores.
Lucas Pavanato, por sua vez, preferiu não nomear grupos específicos em seus pedidos de CPI, mas sua assessoria admitiu ao UOL que os movimentos sociais podem ser alvos da investigação. “A CPI é para investigar ONGs que estão à frente de invasões em propriedades da cidade. Mesmo que o MTST não seja citado no projeto, pode ser que o movimento seja investigado durante a CPI”, explicou. Pavanato também protocolou um pedido para investigar ONGs que atuam na Cracolândia, alegando falta de transparência no uso de verbas públicas.
Os cientistas políticos Fabio Andrade, da ESPM, e André César, da Hold Assessoria Parlamentar, destacam que as ações dos vereadores são estratégias para se posicionar como opositores à esquerda. “É uma demarcação de território que inflama e mantém o eleitorado bolsonarista mobilizado”, afirmou César ao UOL. Andrade complementa que essas iniciativas visam marcar presença diante da Mesa Diretora da Câmara, liderada por Ricardo Teixeira (União), considerado um político de centro.
🚨QUERO ACABAR COM AS INVASÕES EM SÃO PAULO!
Como prometi na campanha, meu primeiro ato como vereadora foi coletar 19 assinaturas e protocolar uma CPI para investigar as invasões que ocorrem em nossa capital.
Quero saber quem são os grupos políticos responsáveis, se há… pic.twitter.com/kYrl77rc4B
— Amanda Vettorazzo (@Amandavettorazz) January 2, 2025
A UNE (União Nacional dos Estudantes) também se posicionou sobre as CPIs, criticando a atuação de Vettorazzo e Pavanato. Em nota ao UOL, a entidade afirmou que essas propostas “enfraquecem o debate público” e “retiram espaço na agenda política para decisões urgentes sobre segurança, moradia, saúde e educação na cidade”. Segundo a UNE, os projetos são uma tentativa de “circular desinformação para manter o engajamento dos eleitores alinhados a esse pensamento”.
Ao final do primeiro dia de trabalho, Pavanato comemorou nas redes sociais, afirmando que já estava “aterrorizando a extrema-esquerda”. Vettorazzo, por sua vez, reforçou seu compromisso em combater movimentos de moradia ligados a Guilherme Boulos (PSOL).
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