O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante ato na Avenida Paulista no último domingo (29). Foto: Reprodução

A manifestação do último domingo (29) na Avenida Paulista, convocada por Jair Bolsonaro (PL), aprofundou as divisões internas no bolsonarismo. Após o fracasso de público, aliados passaram a buscar culpados entre si e trocar acusações nos bastidores, conforme informações da Folha de S.Paulo.

Apenas 12,4 mil pessoas compareceram ao ato bolsonarista no fim de semana, segundo o Monitor do Debate Político do Cebrap. Em abril deste ano, um ato semelhante havia reunido 44,9 mil pessoas e, em fevereiro de 2023, mais de 185 mil.

Figuras próximas ao clã Bolsonaro criticaram a organização do ato, apontando que a condução do evento afastou políticos de centro-direita, como os presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do União Brasil, Antônio Rueda, recém-unidos em federação.

Também havia expectativa de que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) discursassem ao lado de Bolsonaro no evento, o que não ocorreu. Ambos sequer compareceram ao ato bolsonarista.

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O ato bolsonarista deste domingo (29) contabilizou um público quase quatro vezes menor do que o registrado na última manifestação. Foto: Reprodução

O discurso de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e potencial presidenciável, também gerou desconforto. Ele gritou “fora, PT”, mas evitou criticar o STF e não defendeu a libertação de aliados presos, como o general Walter Braga Netto. A avaliação de bolsonaristas mais radicais é de que o tom brando de Tarcísio foi oportunista e não ajudou a causa do ex-presidente.

Nas redes, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) divulgou um vídeo, sem citar nomes, sugerindo que o ato revelou quem é realmente leal: “Foi um palco, não somente por um grito de liberdade, mas também um evento que não deixa de ser político… Quem não escuta ‘cuidado’, depois ouve ‘coitado’.”

“Malucos”

O protesto foi a primeira manifestação convocada por Bolsonaro após prestar depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, no inquérito que investiga a tentativa de golpe.

No depoimento, no dia 10 de junho, o ex-presidente adotou tom ameno e chamou os apoiadores acampados diante de quartéis de “malucos”, o que, para alguns aliados, teria afastado parte do público da manifestação.

Apesar das críticas internas, aliados próximos de Bolsonaro minimizaram a baixa adesão. Segundo eles, a divulgação nas redes sociais foi falha, e alguns influenciadores com milhões de seguidores não promoveram o evento.

Silas Malafaia, pastor e organizador do ato, chegou a convocar o público com semanas de antecedência, mas o acesso restrito ao trio elétrico controlado por ele também gerou críticas de aliados.

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Last Update: 01/07/2025