Edson Aparecido Campolongo, autor de diversos ataques a ônibus na Grande São Paulo. Foto: Reprodução

Edson Aparecido Campolongo, de 68 anos, funcionário concursado há mais de 30 anos da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do governo de São Paulo, foi preso nesta semana acusado de participar de pelo menos 17 ataques a ônibus na Grande São Paulo. O bolsonarista, que recebeu salário de R$ 10.996,13 líquidos em junho, fez uso de veículo oficial para cometer os crimes.

A prisão foi decretada após a Polícia Civil identificar, por meio de imagens de circuitos de segurança, que um carro com a logomarca da CDHU aparecia repetidamente nos locais dos ataques na região do ABC Paulista. O veículo, um Virtus branco de locadora cedido ao órgão, era utilizado por Campolongo em seu trabalho como motorista do chefe de gabinete da CDHU.

Enquanto no ambiente de trabalho era descrito por colegas como discreto, nas redes sociais Campolongo mantinha postagens agressivas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o presidente Lula (PT), com forte apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nas últimas publicações antes da prisão, defendia que o país precisava “parar” ou viraria “comunismo”, incluindo uma postagem com caricatura de Donald Trump associando os ataques ao PCC.

Na delegacia, o motorista confessou os crimes, alegando que queria “salvar o Brasil” e protestar contra a situação política. No entanto, o secretário-executivo de Segurança Pública, Osvaldo Nico, declarou: “Edson contou que a motivação seria ‘consertar o Brasil’, mas não acredito nessa história”. A polícia suspeita que ele recrutava outras pessoas para os ataques.

Na casa de Campolongo, a polícia encontrou pedras e estilingues supostamente usados nos ataques. Seu irmão, Sérgio Aparecido Campolongo, também teve prisão preventiva decretada e se entregou nesta quarta-feira (23), sendo investigado por participação em pelo menos dois ataques.

O delegado Domingos de Paula Neto, de São Bernardo do Campo, explicou que o veículo oficial circulava diariamente pela região por transportar o chefe de gabinete que mora em São Bernardo e trabalha no centro da capital. O superior de Campolongo chegou a chorar ao saber da prisão do motorista, mas foi descartada qualquer participação dele nos crimes.

Os mais de 800 ataques a ônibus na região metropolitana têm como principal linha de investigação uma disputa entre empresas de transporte urbano, possivelmente relacionada a conflitos no sindicato da categoria. A polícia trabalha com a hipótese de que grupos rivais estariam por trás dos ataques para prejudicar concorrentes com custos de manutenção e multas por ônibus parados.

Embora admitam um efeito de “contaminação” – com pessoas não ligadas ao setor copiando os ataques -, as investigações afastaram as teorias iniciais sobre desafios na internet ou ação do PCC. Um dos episódios mais graves ocorreu na Zona Sul, onde uma passageira sofreu múltiplas fraturas no rosto ao ser atingida por uma pedra.

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Last Update: 23/07/2025