O presidente da Bolívia, Luis Arce, alertou contra o que chamou de “mobilização irregular de algumas unidades do Exército”. O ex-presidente Evo Morales afirmou que um “golpe de Estado está em gestação”.

“Convocamos uma mobilização nacional para defender a democracia contra o golpe de Estado que se prepara”, prosseguiu Evo. “Declaramos greve geral por tempo indeterminado e bloqueio de estradas. Não permitiremos que as Forças Armadas violem a democracia e intimidem o povo.”

Na prática, a acusação de Arce e Evo trata da movimentação de tropas e tanques na Praça Murillo, em frente à sede do governo e ao prédio do Congresso, em La Paz. Militares tentaram, inclusive, derrubar uma porta do palácio presidencial.

Segundo o jornal boliviano La Razón, o ex-comandante-geral do Exército Juan José Zúñiga chegou ao local em um tanque e armado. O ministro de Governo, Eduardo del Castillo, estava na praça e contestou o militar: “Zúñiga, você ainda tem tempo”.

Pouco depois, Zúñiga confirmou a tentativa de impor uma mudança no governo. “Os três chefes das Forças Armadas vieram expressar a nossa consternação. Haverá um novo gabinete de ministros, certamente as coisas vão mudar, mas o nosso país não pode continuar assim”, disse a uma TV local.

CartaCapital, George Komadina, deputado suplente por Cochabamba pelo partido de oposição Comunidad Ciudadana, afirmou que diversos batalhões da Policia Militar cercaram a Praça Murillo e seus arredores. “Estavam encapuzados e com uniformes de combate”, disse.

Por volta das 17h30 de Brasília, Komadina afirmou que Zúñiga estava se retirando da praça.

“Ele disse que reconhece a autoridade do presidente Arce, mas faz declarações muito fortes sobre o estado de convulsão que há na Bolívia e sobre a crise política”, prosseguiu o suplente. “Então, isso não é um golpe de Estado que vai se concretizar. Mas existe um mal-estar entre integrantes, chefes e oficiais, tanto das Forças Armadas quanto da polícia. O que eles pedem? São questões com demandas muito confusas e abstratas.”

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro, reagiu rapidamente e declarou condenar os acontecimentos desta quarta na Bolívia. “O Exército deve submeter-se ao poder civil legitimamente eleito”, publicou nas redes sociais. “A comunidade internacional, a OEA e a Secretaria-Geral não tolerarão qualquer violação da ordem constitucional legítima na Bolívia ou em qualquer outro lugar.”

Jeanine Áñez, que chegou à Presidência da Bolívia em 2019 após a derrubada de Evo Morales, manifestou nesta quarta “total repúdio à mobilização dos militares na Plaza Murillo na tentativa de destruir a ordem constitucional”.

No Brasil, o presidente Lula (PT) afirmou torcer para que a democracia prevaleça na Bolívia e disse que “golpe nunca deu certo”.

“Eu quero informações. Eu pedi para o ministro Mauro [Vieira, das Relações Exteriores] ligar para a Bolívia, ligar para o presidente, ligar para o embaixador brasileiro, para a gente ter certeza, para ter uma posição”, acrescentou o petista.

(Matéria em atualização)

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Última Atualização: 01/07/2024