Na primeira edição do boletim Focus de 2025, divulgado nesta segunda-feira 6 pelo Banco Central (BC), os economistas do mercado financeiro projetam um ano com inflação alta e com a taxa básica de juros batendo a casa dos 15%.
A projeção para a inflação deste ano chegou a 4,99%, subindo em relação à edição anterior do relatório, que estava em 4,96%. Assim, a inflação do país em 2025 deverá ficar, segundo os interlocutores ouvidos, acima do teto da meta inflação, que é de 4,5%.
O mercado também estimou a inflação de 2024. Houve leve queda na projeção, saindo de 4,90% para 4,89%. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda não divulgou a inflação oficial do ano passado, mas o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) 15 ficou em 0,34% em dezembro, fechando o ano com alta acumulada de 4,71%.
Para 2026, segundo o boletim Focus, a expectativa para a inflação subiu levemente, saindo de 4,01% para 4,03%.
Juros nas alturas
Alvo de críticas da equipe econômica do governo Lula (PT), a taxa básica de juros no país — conhecida como Selic — vem subindo a cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
No final do ano passado, por exemplo, o BC subiu a taxa de juros pela terceira vez, fazendo a Selic chegar a 12,15% ao ano. Mais que isso: o órgão também indicou que a taxa deverá seguir subindo no início deste ano.
Para os economistas ouvidos no boletim Focus, a subida deverá ser vertiginosa. Assim, o mercado elevou a sua projeção, saindo de 14,75% para 15% ao ano, em 2025. Em 2026, poderá haver uma queda na Selic, o que fez o mercado manter a sua projeção de 12% ao ano.
Já em termos de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), o mercado manteve a sua projeção de que a economia brasileira cresça 3,49% em 2024.
Novo comando no BC
As expectativas sobre como a economia brasileira irá se comportar em 2025 acontecem em meio a mudanças no comando do BC. Gabriel Galípolo assumiu a presidência da entidade monetária na última quarta-feira 1, substituindo Roberto Campos Neto, um dos principais alvos de crítica do presidente Lula.
O petista, aliás, já garantiu que não pretende interferir na independência do BC, firmada desde 2021, mas sinaliza a sua contrariedade com a política de expansão dos juros. Se, por um lado, os juros mais altos podem servir para controlar a inflação, também pode reduzir o poder de compra das famílias.
Situado em um cenário econômico especialmente complexo, Galípolo também terá que lidar com as incertezas geradas pela volta de Donald Trump ao poder, nos Estados Unidos. A republicano já ameaçou aumentar as tarifas para produtos brasileiros, o que pode inflamar a guerra comercial entre os EUA e a China, que, há anos, é o principal parceiro comercial do Brasil.