O deputado federal Bohn Gass reforçou a decisão do presidente Lula, anunciada recentemente pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, de investir muitos bilhões na ampliação de diques e em novas tecnologias para as casas de bombas em regiões afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul e informou que o governo federal vai comprar, nos próximos dias, casas que estiverem disponíveis para venda.
“É um enorme desafio. O governo vai comprar todas elas nos próximos dias e vai iniciar a colocação de famílias nas casas”, disse o deputado em entrevista ao programa Café PT da TvPT nesta quarta-feira (26). Ele falou do esforço intenso do governo federal para ajudar na reforma das moradias e também junto às empresas do setor imobiliário para identificar e adquirir as casas disponíveis.
As três etapas de trabalho necessárias – salvar, restabelecer e limpar as casas e reconstruir, estão sendo feitas concomitantemente porque voltou a chover e muitas pessoas tiveram que sair de suas casas. “Há também pessoas retornando aos seus lares onde é possível. Em outros lugares já está ocorrendo o processo de reconstrução. De fato é uma situação calamitosa, muito difícil, mas tem todo o nosso empenho e a decisão do presidente Lula de não permitir que nenhuma área deixe de ser atendida”, sublinhou.
Bohn Gass reforçou a fala do presidente Lula de que o Rio Grande do Sul ajudou tanto o país e agora precisa ser ajudado pelo Brasil.
“Veio de fato muito recurso do governo federal”, assinalou, ao informar que esteve com o ministro extraordinário de Apoio à Reconstrução do RS, Paulo Pimenta, que recentemente lançou um site com todas as informações sobre o trabalho do governo federal no estado.
“São R$ 91 bilhões, dos quais R$ 74 bilhões são de novos recursos, R$ 11 bilhões são antecipações”, ressaltou, ao falar das antecipações de fundos de garantia, a restrição do imposto de renda e a ampliação em duas parcelas do seguro desemprego, além das empresas atingidas que terão um período sem recolhimento de tributos.
“Tivemos todas essas compreensões a partir da instalação do Comitê de Crise coordenado pelo ministro Rui Costa. Todos os ministérios passaram a dialogar a interagir conjuntamente com o governo federal, com o governo do estado e, diante dessa gravidade da situação, uma decisão super acertada do presidente da República foi a criação do Ministério Extraordinário”, salientou o deputado, ao citar muitas outras ações do governo federal no RS.
Governo garante empregos e segura dívida do estado
Mais de 200 mil famílias já receberam a ajuda de R$ 5.100,00; empresas que não tiveram produção e, portanto, sem condições de pagar a folha de pagamento, o governo federal está ajudando a pagar o salário dos funcionários, beneficiando meio milhão de trabalhadores. Essas empresas assumiram o compromisso de não demitir por dois meses. Na agricultura, o governo disponibilizou recursos com 30% de desconto, carência e juros baixos.
“Então em todas as áreas há um esforço enorme do governo federal para ajudar pessoas, empresas e agricultores”, salientou o deputado, ao comentar o aumento da aprovação do governo entre a população gaúcha, fruto dos esforços inegáveis do presidente Lula e sua equipe.
O deputado lembrou ainda que o presidente Lula decidiu que o RS não vai pagar nada dívida por três anos. “São mais de R$ 300 milhões por mês que vão ficar nos cofres do governo do estado para ajudar na reconstrução. São R$ 11 bilhões nesses três anos que não sairão do Rio Grande do Sul para a União. Sem os juros são mais R$ 12 bilhões, isso é uma ajuda direta ao estado”, sentenciou.
Punição para quem mente
Nos momentos de calamidade, Bohn Gass avaliou que as pessoas manifestam o que elas realmente são e destacou, de um lado, a solidariedade extraordinária, inclusive de outros países, de outros estados, de pessoas, empresas, entidades, sindicatos, igrejas, o conjunto do voluntariado, a sociedade civil que ajudou os governos. Do outro lado, a extrema direita revelou mais uma fez sua face, o submundo das redes sociais, das mentiras, as máquinas industriais de desinformação.
“São mentiras cruéis. Uma fábrica de mentiras. Enquanto estávamos trabalhando tivemos que tirar o nosso tempo de ajuda para tentar desmentir os que estavam na internet falando mentiras. Precisamos aprovar a regulamentação, tem que ter punição para essas pessoas, não é possível!”, desabafou.
Bohn Gass afirmou que há uma mídia tradicional que não consegue reconhecer a ação forte e articulada do governo federal. “Mas não tem como não reconhecer porque tanto a presença do Lula aqui quatro vezes, o ministério extraordinário que foi criado, a presença dos ministros apoiando em todas as áreas”, disse.
“Nós amamos o nosso povo, temos que ajudar a nossa gente. Dá uma revolta enorme esse discurso de que ‘se não fosse o voluntariado e as empresas, não teria sido restabelecido’. Esta é uma disputa contra o Estado, daqueles que querem um estado mínimo. É uma tentativa permanente de desconstituir o que o governo faz, para tentar mostrar que o público não importa”, condenou.
Tese do estado mínimo precisa ser destruída
Bohn Gass condenou com veemência o discurso “fajuto e hipócrita” do estado mínimo. “É mínimo para a população e máximo para eles, para os ricos. Por isso eles têm que manter juros super altos, o que prejudica muito o Brasil”, salientou, ao analisar que a responsabilidade que eles pedem com os gastos significa sobrar dinheiro para os rentistas, para manter os juros altos e para banqueiros lucrarem.
“Quando eles falam não gastar, falam de forma preconceituosa porque gastar para eles significa colocar alunos e crianças nas universidades, significa garantir habitação, o que é um dos grandes problemas nessa reconstrução. É uma tese que temos que destruir por completo, essa ideia fiscalista do estado que não pode gastar (em saúde, educação etc) mas, quando precisam, são os primeiros que correm para que os governos os ajudem”, ressaltou.
Ao citar o caso da empresa concessionária do aeroporto de Porto Alegre. Bohn Gass afirmou que não fizeram manutenção correta e agora jogam o ônus nas costas do Estado.
“O aeroporto de Porto Alegre foi privatizado e a concessionária deveria trazer motor eficiente para tirar a água, restabelecer o mais rápido, mas não. Quando lucram, nunca pensam no público mas, quando têm prejuízos, o público é que tem que manter”, apontou.
Lei sobre presidência do Banco Central precisa ser mudada
Bohn Gass fez uma autocrítica e disse que “todos nós deveríamos ter abraçado com mais força, junto com o Lula, a queda dos juros. “O presidente precisou falar claramente sobre a decisão errado do Campos Neto. O Lula assumiu essa bronca e deveríamos ter tido mais movimentos sociais, mais atos públicos, mais divulgação nas redes sobre isso”, alertou, ao lembrar das recentes e bem sucedidas mobilizações contra a lei do estuprador e de privatização das praias.
“É uma função (de presidente do Banco Central) técnica e política, temos que assumir isso, não tem neutralidade. Votamos contra essa independência e autonomia do Banco Central. É um bolsonarista que está atuando contra a economia, contra a geração de empregos, contra a neoindustrialização”, observou. “Não é possível ter um representante do governo Bolsonaro atrapalhando o governo do presidente Lula, precisamos mudar essa lei”.
Sobre a possibilidade de mudança das eleições no estado para o ano que vem, Bohn Gass foi taxativo e confirmou que o Tribunal Regional Eleitoral confirmou que tem condições para realizar as eleições.
Negacionistas do clima
Bohn Gass lembrou que quem quis flexibilizar das legislações ambientais no RS foi o governador Eduardo Leite que segue Bolsonaro e o ex-ministro Ricardo Salles. “Eles são negacionistas no campo climático”, reiterou, ao assinar que a presidenta Dilma disponibilizou R$ 200 milhões para a manutenção das bombas e diques em Porto Alegre
“Os governos da extrema direita foram incapazes de aceitar, não usaram porque não quiseram dar o mérito de uma ajuda estrutural preventiva para Porto Alegre, mas agora Dilma disponibilizou recursos do Banco Brics para recuperação do estado”, assinalou, ao analisar o contexto mundial atual e seu compromisso com a luta pela paz. “Os grandes grupos se alimentam da guerra, eles precisam da guerra para sobreviver. Nós queremos a paz. A luta pela democracia, pela alimentação, pelo clima e pela paz são pautas que precisamos debater no período eleitoral”, sublinhou.
Bohn Gass informou que foram mais de dois milhões de pessoas diretamente atingidas pelas enchentes de maio em 497 municípios, 100 em estado de calamidade, mais de 300 em estado de emergência, 84 mil salvamentos de pessoas e 15 mil salvamentos de animais. Ele destacou o trabalho das Forças Armadas, a Defesa Civil, o Exército, o esforço dos governos e da sociedade civil. “Infelizmente perdemos 175 vidas e ainda há 38 desaparecidos”, disse.
Da Redação