O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinou R$ 650 milhões em recursos não reembolsáveis, nos últimos dois anos, a projetos de recuperação ambiental em diversas regiões do Brasil. Os investimentos, sob a forma de doações, priorizam biomas como a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica.
A alocação dos recursos ocorre por meio de três programas estruturados: Floresta Viva, Florestas do Bem-Estar e Restaura Amazônia. As iniciativas envolvem parcerias com o Ministério do Meio Ambiente e o Fundo Amazônia, além da utilização de recursos do Fundo Socioambiental do próprio BNDES.
O programa Floresta Viva responde por R$ 231 milhões do total. Foram lançados oito editais com o objetivo de restaurar aproximadamente 15 mil hectares de áreas degradadas. As ações contemplam diferentes ecossistemas, com abrangência do Cerrado até a Mata Atlântica.
Já o programa Florestas do Bem-Estar, implementado em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, disponibilizou R$ 23 milhões em edital para selecionar até dez projetos voltados à restauração de 1,5 mil hectares na região da Amazônia Legal. As ações devem utilizar exclusivamente espécies nativas.
O Restaura Amazônia, voltado à recuperação de áreas florestais e conservação da biodiversidade, especialmente em terras indígenas, concentrou a maior parte dos recursos. Desde dezembro, foram abertos nove editais, somando R$ 400 milhões.
As ações integram os esforços do banco de fomento para apoiar políticas públicas de enfrentamento à crise climática e de preservação ambiental. Em entrevista à imprensa, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, comentou a urgência da agenda climática.
“A temperatura do planeta aumentou 1,5º nos últimos 20 meses, que era a meta para 2030. Nesse cenário, plantar árvores e restaurar o meio ambiente é um dos caminhos para enfrentarmos essa crise climática”, afirmou.
Segundo dados veiculados pela coluna Capital, do jornal O Globo, os investimentos não reembolsáveis têm se concentrado em áreas com alto grau de vulnerabilidade ambiental.
Além da recuperação direta de vegetação nativa, os projetos incluem componentes de monitoramento, capacitação de comunidades locais, fomento à economia de base florestal e proteção de áreas prioritárias para conservação.
O modelo adotado prevê a formação de parcerias entre o BNDES e instituições da sociedade civil, incluindo organizações não governamentais, fundações, cooperativas, associações e instituições de pesquisa.
O banco atua como financiador por meio do aporte de recursos e, em alguns casos, também realiza a gestão dos editais em parceria com os órgãos governamentais envolvidos.
Os recursos do programa Floresta Viva são oriundos principalmente do Fundo Socioambiental do BNDES, criado para apoiar iniciativas que promovam o desenvolvimento sustentável em áreas de baixa renda. Já o Florestas do Bem-Estar é viabilizado com recursos do Fundo Amazônia, instrumento de financiamento voltado à preservação da floresta e ao desenvolvimento sustentável da região amazônica.
O Restaura Amazônia também conta com recursos do Fundo Amazônia e tem como foco projetos de maior escala, com potencial de restauração em territórios indígenas, áreas de proteção permanente e zonas de transição agroflorestal. As propostas apresentadas nesses editais devem incluir metas ambientais claras, prazos definidos e mecanismos de auditoria e transparência.
A política de doações para restauração ecológica integra a estratégia do banco de ampliar sua atuação em projetos socioambientais, com vistas à adaptação climática e à transição para uma economia de baixo carbono. De acordo com informações institucionais, o BNDES vem revisando sua carteira de financiamentos e projetos para atender a compromissos climáticos assumidos pelo Brasil em acordos internacionais.
O banco também estabeleceu metas internas para ampliar o volume de investimentos sustentáveis até o final da década. Entre as prioridades estão ações em infraestrutura verde, reflorestamento, energias renováveis, saneamento básico e economia circular.
Nos próximos meses, novos editais devem ser lançados dentro das três frentes de atuação, com possibilidade de expansão para outras regiões e biomas, além da Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado. As seleções de projetos seguirão os critérios técnicos já estabelecidos, incluindo avaliação de impacto ambiental, viabilidade operacional, capacidade de execução e articulação com comunidades locais.
A iniciativa do BNDES ocorre em um contexto de intensificação dos debates sobre financiamento climático no Brasil e no exterior. O avanço dos programas de restauração pode, segundo analistas do setor, contribuir para o cumprimento das metas nacionais de redução de emissões de gases de efeito estufa e para a preservação da biodiversidade em áreas críticas.