O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou R$ 131,1 milhões em financiamentos para dois empreendimentos da empresa Gás Verde voltados à transição energética e à mitigação de emissões de gases de efeito estufa.

Os recursos serão aplicados na construção da primeira unidade de purificação e liquefação de dióxido de carbono (CO₂) de origem biogênica no país, em Seropédica (RJ), e na instalação de uma planta de produção de biometano a partir de resíduos orgânicos, em Igarassu (PE).

As iniciativas foram divulgadas nesta quarta-feira (28) pelo BNDES e contam com apoio do Fundo Clima, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e gerido pelo próprio banco.

Do total aprovado, R$ 89,3 milhões são oriundos do fundo. A unidade de Seropédica receberá R$ 17,1 milhões, enquanto o empreendimento em Igarassu será financiado com R$ 72,2 milhões.

A planta do Rio de Janeiro, prevista para iniciar operações em julho, terá capacidade para processar até 100 toneladas diárias de CO₂, subproduto gerado durante a produção de biometano no aterro sanitário operado pela Ciclus Ambiental.

Atualmente, o volume de biometano extraído do biogás no local é de aproximadamente 130 mil metros cúbicos normais por dia (Nm³/dia). O dióxido de carbono, que representa cerca de 39% do biogás coletado, será purificado até alcançar grau de pureza comercial e poderá ser utilizado em indústrias alimentícias e outras aplicações.

O projeto pernambucano prevê a implantação de uma usina no Ecoparque Pernambuco, com capacidade de gerar 45,6 mil Nm³/dia de biometano. O biogás será integralmente convertido em combustível renovável, com potencial de utilização em setores industriais e logísticos.

Estima-se a captação de 4 mil Nm³ de biogás por hora. Durante as obras, serão contratados cerca de 60 trabalhadores, e outras 15 vagas serão mantidas na fase operacional da planta.

Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, os dois empreendimentos estão em consonância com as metas ambientais estabelecidas pelo governo federal.

“Enquanto um deles aproveita economicamente o gás carbônico, capturando o subproduto que seria emitido como rejeitado, o outro garante a produção de gás renovável, evitando emissões de metano, que tem potencial de aquecimento 25 vezes maior que o do CO₂”, afirmou.

O investimento total nos dois projetos soma R$ 141,5 milhões, sendo R$ 51,3 milhões destinados à unidade fluminense e R$ 90,2 milhões ao empreendimento em Pernambuco. Os recursos complementares ao financiamento do BNDES serão aportados pela própria Gás Verde.

O CEO da Gás Verde, Marcel Jorand, destacou que os recursos aprovados representam um impulso importante para a expansão do biometano no país.

“Num momento de emergência climática global, é fundamental contar com o apoio financeiro do BNDES, sendo um reconhecimento à contribuição do biometano para a transição energética brasileira”, declarou.

Jorand afirmou ainda que os investimentos fortalecem a atuação da empresa junto a clientes do setor industrial que buscam reduzir emissões em suas cadeias produtivas.

Atualmente, a Gás Verde opera 12 plantas em seis estados brasileiros e lidera a produção de biometano na América Latina, com uma média diária de 160 mil metros cúbicos. A empresa projeta alcançar 650 mil m³/dia até 2028, por meio da conversão de suas usinas de geração térmica em unidades dedicadas ao processamento de biometano.

Entre os clientes atendidos pela empresa estão empresas como Ambev, Nestlé, Saint-Gobain e L’Oréal. A Gás Verde também desenvolveu o BIORec, o primeiro certificado de origem de biometano gerado a partir de resíduos sólidos urbanos no Brasil, iniciativa voltada à rastreabilidade e à credibilidade das emissões evitadas.

O Fundo Clima, que financia parte dos empreendimentos, foi criado como instrumento da Política Nacional sobre Mudança do Clima e é administrado pelo BNDES.

Seu objetivo é apoiar projetos que contribuam para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para a adaptação da sociedade aos impactos das mudanças climáticas. A linha de financiamento apoia ações que envolvam inovação tecnológica e sustentabilidade ambiental.

Os dois projetos da Gás Verde se inserem nesse contexto ao promover o uso de resíduos como fonte energética alternativa, ao mesmo tempo em que reduzem a emissão de gases intensivos em efeito estufa, como metano e dióxido de carbono. As plantas também representam oportunidades de desenvolvimento econômico local, com geração de emprego e renda nas regiões onde serão implantadas.

As operações aprovadas reforçam a diretriz do BNDES de fomentar investimentos sustentáveis em infraestrutura e energia, contribuindo para o cumprimento das metas de descarbonização do país e para a consolidação do biometano como fonte complementar na matriz energética nacional.

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Last Update: 28/05/2025