Financiamentos concentram-se em inovação, exportações e digitalização; governo mira transformação do setor industrial
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já aprovou R$ 220 bilhões em financiamentos no âmbito do programa Nova Indústria Brasil até junho de 2025. O valor representa 73,3% da meta total de R$ 300 bilhões estabelecida pelo governo federal para ser executada até o final de 2026. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com a reportagem, o montante acumulado até o primeiro semestre está dentro do cronograma previsto pela política industrial lançada pela atual gestão. A proposta estabelece o BNDES como principal fonte de crédito para impulsionar projetos estratégicos de reindustrialização. A maior parte dos financiamentos foi aprovada por meio do Plano Mais Produção, mecanismo do programa que contempla cinco eixos principais: inovação, digitalização, exportações, economia verde e produtividade.
Ao anunciar o programa, o governo federal definiu que o banco público voltaria a desempenhar papel central na concessão de crédito voltado à transformação do setor industrial. A estrutura da Nova Indústria Brasil foi desenhada para estimular projetos que ampliem a inserção do país em cadeias globais de valor, com foco em tecnologias emergentes e sustentabilidade ambiental.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que os financiamentos estão alinhados aos desafios contemporâneos enfrentados pelo setor produtivo. “O Brasil precisa de uma indústria forte, que seja verde, tecnológica e preparada para os desafios do presente, como a inteligência artificial e as mudanças climáticas”, declarou.
O programa Nova Indústria Brasil foi lançado como uma das principais iniciativas da atual gestão para alterar a trajetória da economia nacional, marcada por uma participação decrescente da indústria no Produto Interno Bruto (PIB). Dados recentes indicam que a indústria responde por aproximadamente 11% da composição do PIB brasileiro.
A retomada do BNDES como agente protagonista de financiamento industrial marca uma mudança em relação à estratégia adotada nos últimos anos. Entre 2016 e 2022, a atuação do banco esteve mais concentrada em financiamentos de infraestrutura e menor presença em projetos industriais. Com o novo programa, a instituição foi reposicionada para atuar de forma ativa no fomento a setores considerados estratégicos.
A lógica da nova política industrial se baseia na seleção de áreas com potencial de crescimento e alto impacto tecnológico. Entre os setores priorizados estão biotecnologia, semicondutores, inteligência artificial, energias renováveis e equipamentos médicos. Os critérios para concessão de financiamento incluem viabilidade técnica, capacidade de inovação, geração de empregos e aderência a metas de sustentabilidade.
Segundo técnicos do BNDES, os R$ 220 bilhões já aprovados se referem tanto a operações concluídas quanto a projetos em fase final de análise. A expectativa do banco é atingir a meta de R$ 300 bilhões até o último trimestre de 2026, acompanhando o avanço de novos projetos que estão sendo protocolados por empresas e consórcios industriais em diferentes regiões do país.
O Plano Mais Produção, principal instrumento operacional do programa, foi estruturado para atender empresas de todos os portes, com linhas de crédito específicas para pequenas, médias e grandes indústrias. A política de financiamento prevê condições diferenciadas conforme o grau de inovação e o impacto socioambiental do projeto apresentado.
Além do financiamento direto, o programa também prevê a articulação com outras instituições públicas e privadas, como Finep, Embrapii, Senai e universidades, com o objetivo de criar ecossistemas de inovação em polos industriais regionais.
Com a meta de ampliar a competitividade da indústria nacional, o Nova Indústria Brasil busca corrigir defasagens tecnológicas acumuladas nas últimas décadas. Entre os objetivos estratégicos estão o aumento da produtividade, a substituição de importações em setores-chave, a redução de emissões de carbono e a integração com mercados internacionais por meio de produtos de maior valor agregado.
O desempenho do BNDES até junho reforça o papel da instituição como motor do crédito voltado à reindustrialização. O banco também está em fase de análise de novos modelos de financiamento que combinem capital público com recursos privados, com foco em reduzir o risco de investimento em tecnologias emergentes.
Com a execução de 73,3% da meta antes da metade do período previsto, o programa sinaliza avanço no ritmo de liberação de recursos e adesão de empresas às diretrizes propostas. O governo avalia que o impacto das operações poderá ser observado ao longo dos próximos anos na composição do PIB, na balança comercial e na geração de emprego qualificado.
A expectativa é que a Nova Indústria Brasil se consolide como base para a reconstrução de uma política industrial contínua, com instrumentos permanentes de financiamento e monitoramento de resultados. O modelo inclui metas de desempenho, exigência de contrapartidas e acompanhamento técnico dos projetos executados com apoio do BNDES.
Com a meta total estimada em R$ 300 bilhões até 2026, o programa segue como uma das principais iniciativas do governo para reverter a perda de relevância do setor industrial na economia brasileira.