Lula se reúne com Alckmin para discutir medidas contra tarifas dos EUA; pressão cresce em torno de Bolsonaro


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá um encontro nesta tarde, às 17h, em Brasília, com o vice-presidente Geraldo Alckmin para tratar de um conjunto de medidas emergenciais destinadas a apoiar os setores da economia mais afetados pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos. A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, o plano de contingência receberá prioridade na pauta do Congresso Nacional, conforme ele falou em entrevista à CNN Brasil. A sinalização é de que o processo legislativo será acelerado para que as medidas sejam aprovadas ainda neste mês, com entrada em vigor prevista para setembro. Davi Alcolumbre, presidente do Senado, também reforçou o compromisso da Casa em agilizar a tramitação das propostas.

Enquanto o governo finaliza os detalhes do pacote de apoio, aposta em uma interlocução diplomática direta para tentar reverter a alta dos impostos americanos. A expectativa é que, na próxima quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúna com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent — considerado uma das poucas pessoas com influência real junto ao presidente Donald Trump para negociar a redução da sobretaxa, segundo o jornal Valor Econômico.

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Cresce a pressão política e empresarial após prisão domiciliar de Bolsonaro

Em outro cenário, a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro está movimentando intensamente o tabuleiro político, especialmente entre grupos empresariais e partidos que começam a buscar alternativas para a eleição presidencial de 2026. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, a medida judicial que limita a liberdade de Bolsonaro torna mais difícil o diálogo com ele, pois o momento atual é considerado delicado para abordagens que possam parecer oportunistas ou desrespeitosas diante da sua situação.

Para atuar como interlocutor principal, Bolsonaro escolheu seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, que deve assumir papel central nas negociações políticas que se avizinham.

Na última quinta-feira, Jair Bolsonaro se reuniu com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em um encontro que durou quase duas horas. Fontes próximas a ambos garantem que a pauta não incluiu discussões sobre a eleição do próximo ano. O tema central foi a prisão domiciliar e as possíveis estratégias para reverter essa situação jurídica adversa ao ex-presidente. O governador estaria empenhado em buscar uma solução para ajudar Bolsonaro, embora ainda não tenha sido revelada a natureza dessas tentativas.

Apesar da proximidade demonstrada, aliados do ex-presidente avaliam que é pouco provável que Bolsonaro apoie formalmente a candidatura de Tarcísio em 2026. A tendência, conforme esses interlocutores, é que ele opte por um nome da família, fortalecendo seu grupo político por meio dos próprios parentes.

Lula finaliza plano para setores afetados pelo “tarifaço” de Trump; reunião com líderes acontece hoje à tarde

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, se reúnem nesta segunda-feira (11), em Brasília, para discutir os últimos detalhes do plano de contingência que visa socorrer os setores da economia brasileira mais impactados pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre os produtos exportados ao país norte-americano. Alckmin tem liderado tanto as negociações com as autoridades dos EUA quanto o diálogo com o setor produtivo nacional, buscando um equilíbrio entre as demandas internas e os desafios externos.

A expectativa é que o plano seja oficialmente divulgado até terça-feira (12). Entre as principais medidas previstas estão a concessão de crédito para as empresas mais afetadas, especialmente os pequenos produtores, que enfrentam maiores dificuldades por dependerem fortemente do mercado americano para escoar seus produtos. Além disso, o governo deve ampliar as compras governamentais para estimular a produção nacional. Para orientar essas ações, será instituído um parâmetro que avalia o impacto das tarifas em cada setor da economia, levando em conta o grau de dependência das exportações para os Estados Unidos.

Essa mobilização ocorre após a entrada em vigor, no último dia 6, da tarifa de 50% aplicada a uma parcela significativa das exportações brasileiras para os EUA. A medida, assinada pelo presidente Donald Trump em 30 de julho, incide sobre 35,9% das mercadorias enviadas ao mercado norte-americano, o que representa cerca de 4% do total das exportações brasileiras.

Paralelamente, o governo também trabalha para ampliar o número de setores que permanecem fora do “tarifaço” americano. Cerca de 700 produtos brasileiros seguem com a tarifa de 10%, incluindo itens importantes como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, além de seus motores, peças e componentes. A manutenção dessa faixa tarifária menor ajuda a amenizar os efeitos negativos do aumento abrupto nas tarifas para esses setores.

Com o cenário externo cada vez mais desafiador, o governo Lula busca, por meio desse plano emergencial, proteger os segmentos produtivos que dependem das exportações para os Estados Unidos, ao mesmo tempo em que tenta abrir diálogo direto com autoridades norte-americanas para reverter ou reduzir as tarifas elevadas. O encontro entre Lula e Alckmin, portanto, representa um passo decisivo para consolidar a estratégia que deve ser encaminhada ao Congresso para aprovação e execução nas próximas semanas.

Com informações de Folha, CNN, Valor Econômico, Bloomberg e Agências de Notícias*

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Last Update: 11/08/2025