O presidente anterior dos Estados Unidos, Joe Biden, concedeu na noite deste domingo (1) o perdão “total e incondicional” ao seu filho, Hunter Biden. A medida evita que seu primogênito sofra uma possível condenação em dois processos, que somados podem superar os 42 anos de prisão.

Antes, o presidente norte-americano vinha negando repetidamente que iria conceder perdão ao filho por suas condenações relacionadas à posse ilegal de arma e evasão fiscal ou comutar sua pena, que estava prevista para ser anunciada neste mês.

Ao tomar esta medida, ao que tudo indica ao apagar das luzes da sua carreira política, Biden segue o mau exemplo do ex-presidente Donald Trump, que, perto do fim do último mandato, em 2020, concedeu indulto ao sogro de Ivanka Trump, Charles Kushner. Charles é pai de Jared Kushner, ex-conselheiro sênior da administração Trump.

Ao anunciar sua decisão de conceder o indulto ao filho, Joe Biden afirmou que, embora acreditasse no sistema judiciário, “a política infectou este processo e levou a um erro judicial”.

“Hoje, assinei um perdão para meu filho Hunter. Desde o dia em que assumi o cargo, disse que não iria interferir na tomada de decisões do Departamento de Justiça e mantive minha palavra, mesmo tendo visto meu filho ser seletivo e injustamente, processado”, disse o presidente em comunicado.

Biden alegou que embora acreditasse no sistema judiciário, “a política infectou este processo e levou a um erro judicial”.

“Sem fatores agravantes, como uso em um crime, compras múltiplas ou a compra de uma arma como comprador disfarçado, as pessoas raramente são levadas a julgamento por acusações de crime apenas pela forma como preencheram um formulário de posse de arma. Aqueles que atrasaram o pagamento de impostos devido a sérios vícios, mas pagaram posteriormente com juros e multas, geralmente recebem resoluções não criminais. É claro que Hunter foi tratado de maneira diferente”, justificou Biden.

“Nenhuma pessoa razoável que examine os fatos dos casos de Hunter pode chegar a outra conclusão senão que ele foi escolhido especificamente por ser meu filho – e isso é errado Ao tentar destruir Hunter, tentaram me destruir – e não há razão para acreditar que isso vá parar por aqui. Já chega…”, concluiu.

A decisão ocorre semanas antes de Hunter Biden receber sua sentença no caso de armas e de sua confissão de culpa nas acusações fiscais, e menos de dois meses antes de Donald Trump, presidente eleito, retornar à Casa Branca.

Em junho deste ano, Biden afirmou que não perdoaria ou faria algo para reduzir a pena de seu filho: “respeito a decisão do júri. Farei isso e não vou perdoá-lo.”

Hunter foi condenado em junho em um tribunal federal de Delaware por três crimes relacionados à compra de uma arma em 2018, quando, segundo os promotores, ele mentiu em um formulário federal ao declarar que não usava drogas ilegalmente nem era viciado.

No caso da sonegação fiscal, ele deveria ir a julgamento em setembro na Califórnia, acusado de não pagar pelo menos US$ 1,4 milhão em impostos. No entanto, concordou em se declarar culpado de acusações de contravenção e crime em um movimento surpresa horas antes do início da seleção do júri.

As acusações fiscais previam até 17 anos de prisão, enquanto as acusações de armas poderiam resultar em até 25 anos de prisão, embora as diretrizes federais de sentença previssem penas bem mais brandas, sendo possível que ele evitasse a prisão completamente.

O jornal americano “The New York Times” afirma que houve mais vezes em que um presidente usou seu poder executivo para perdoar ou atenuar a pena de um familiar. Em seu último dia no cargo, o ex-presidente Bill Clinton perdoou seu irmão Roger Clinton por antigas acusações de uso de cocaína.

Contudo, o jornal aponta que tanto Roger Clinton quanto Kushner, no caso de Trump, já tinham cumprido as penas de prisão quando o perdão foi concedido.

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Last Update: 02/12/2024