O primeiro debate presidencial para as eleições de 2024 nos Estados Unidos, marcado para esta quinta-feira, em Atlanta, tem boas chances de se tornar o debate mais intenso da história do país. Às 22 horas do horário de Brasília, e 21 horas do horário local, o candidato democrata, Joe Biden, e o candidato republicano, Donald Trump, debatem em meio a um cenário eleitoral apertado, segundo pesquisas recentes.
Nunca um embate ocorreu tão cedo na história moderna americana, antes mesmo das convenções partidárias. Ambos os candidatos ainda não foram indicados formalmente por seus partidos, mas já receberam o aval da maioria dos delegados.
Em outro ineditismo, pela primeira vez um ex-presidente, Donald Trump, enfrenta o atual mandatário da Casa Branca, Biden.
O embate desta quinta-feira é o primeiro articulado diretamente pelas duas campanhas que rejeitaram as dinâmicas propostas pela Comissão de Debates Eleitorais, que há décadas assumia a organização.
O evento será veiculado pela CNN às 22h (horário de Brasília) e moderado pelos jornalistas Jake Tapper e Dana Bash, duas estrelas da casa —a CNN Brasil também transmitirá. Serão 90 minutos no total, com dois intervalos comerciais –mas, mesmo nesses momentos, os candidatos não poderão ser contatados por assessores.
Não foram permitidas consultas a nenhum material e os dois candidatos terão acesso apenas a um papel em branco, caneta e uma garrafa de água.
Outra novidade será a possibilidade dos microfones serem desligados para evitar cenas caóticas de debates passados em que um candidato fala por cima do outro. Cada um terá dois minutos para responder a uma pergunta, seguidos por um minuto de réplica e um minuto de tréplica.
Ao final, ambos terão dois minutos para fazer uma fala final. Outro diferencial é que não haverá plateia no estúdio. Na moeda, a campanha de Biden ganhou a opção de escolher entre a posição no palco ou a ordem das falas finais. Democratas preferiram garantir que o presidente ocupe o pódio da direita, e Trump terá o direito de fechar o debate.
O confronto organizado pela CNN é uma tarefa mais árdua para Biden. Candidato mais velho a disputar a eleição, aos 81 anos, o democrata precisa provar que tem condições físicas e mentais para continuar no cargo de presidente dos EUA.
O desafio de Biden se assemelha ao que Trump enfrentou na campanha de 2020, quando precisou defender seu mandato e o baixo índice de aprovação, tal como o republicano há quatro anos.
A gestão do atual presidente possui trunfos importantes que teriam potencial para reeleger quase todos os seus antecessores na era do pós-guerra. Desde que assumiu a Casa Branca, a gestão Biden foi responsável pela criação de 15 milhões de empregos, com uma taxa de desocupação abaixo dos 4% nos últimos 27 meses.
Os índices, no entanto, podem não ser suficientes para que Biden alcance um segundo mandato uma vez que no pós-pandemia os eleitores parecem preocupar-se muito mais com os preços elevados neste momento do que com o trabalho abundante.
Por outro lado, Trump também deve enfrentar uma série de questionamentos sensíveis, mas que para o seu eleitorado, devem soar como música aos ouvidos.
Democratas instalaram três outdoors na rota de chegada de Trump à Atlanta com a frase “Donald, bem-vindo a Atlanta pela primeira vez desde que se tornou um criminoso condenado”.
Biden deve cutucar o líder da extrema-direita americana ao relembrar que o ex-presidente se recusou a aceitar a derrota eleitoral de 2020 e instigou as hordas conservadoras e reacionárias a invadir o Capitólio em 6 de janeiro de 2021.