O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que seu cargo representa a maior honra de sua vida, mas que a defesa da democracia “é mais importante que qualquer título”. Foi o primeiro discurso do democrata desde que ele anunciou, no último domingo, que não concorrerá à reeleição em novembro.
“Acredito que meu histórico como presidente, minha liderança no mundo, minha visão para o futuro dos Estados Unidos, tudo isso mereceria um segundo mandato”, declarou na Casa Branca. “Mas nada pode atrapalhar a defesa da democracia, nem mesmo a ambição pessoal.”
No domingo, minutos depois de confirmar que desistiu de buscar um novo mandato, Biden defendeu que o Partido Democrata escolha a vice-presidente Kamala Harris como candidata à Casa Branca.
Duas pesquisas divulgadas nos últimos dias apontam um cenário de equilíbrio na provável disputa entre ela e o republicano Donald Trump.
Um levantamento CNN/SSRS publicado nesta quarta aponta empate técnico: Trump aparece com 49% das intenções de voto entre eleitores registrados, ante 46% da democrata. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Já uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na terça aponta Kamala numericamente à frente, com 44%, enquanto Trump marca 42%. Como a margem de erro é de três pontos percentuais, também há um empate técnico.
Segundo Biden, os Estados Unidos estão em um “ponto de inflexão”.
“Este é um dos raros momentos na história em que as decisões que tomamos agora determinam o destino de nosso país e do mundo”, prosseguiu, nesta quarta. “Os Estados Unidos terão de escolher entre seguir em frente ou retroceder; entre esperança e ódio; entre unidade e divisão. Temos de decidir se ainda acreditamos em honestidade, decência, respeito, fé na Justiça e na democracia.”
Por isso, acrescentou Biden, chegou a hora de “passar o bastão para uma nova geração”.
“Há o momento para novas vozes, mais frescas, mais jovens. Este é o momento.”
Ele reforçou, porém, que cumprirá o período restante de seu mandato e elencou algumas das prioridades de sua gestão, como avançar na resolução das guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza e aplicar políticas de combate às mudanças climáticas. Defendeu, também, a necessidade de continuar a se pronunciar contra a violência armada nos Estados Unidos.
A tendência é que o Partido Democrata formalize a candidatura de Kamala até o início de agosto. Mesmo antes da nomeação, porém, ela já leva sua campanha à rua com comícios enérgicos.
“Acredito que estamos diante de uma escolha entre duas visões diferentes de nossa nação: uma focada no futuro e outra no passado”, disse a democrata, nesta quarta, em Indianápolis. “E com o apoio de vocês, estou lutando pelo futuro de nossa nação.”
Na terça, durante um ato em Wisconsin, Kamala enfatizou os diversos casos judiciais contra Trump e destacou um dos motes de sua campanha: o de uma ex-procuradora contra um criminoso.
Donald Trump, por sua vez, continua a percorrer o país, dias após ser alvo de um ataque a tiros e de se tornar oficialmente candidato à Presidência.
Nesta quarta, ele lançou uma série de ataques a Kamala, a quem chamou de “lunática radical de esquerda”, durante um comício na Carolina do Norte. Também sugeriu que os chefes do Partido Democrata estariam por trás da decisão de Biden de se retirar e acusou a vice de encobrir a “incapacidade mental” do presidente.
Horas antes, a Casa Branca negou ter encoberto qualquer suposto declínio na saúde de Biden antes de sua decisão de deixar a corrida eleitoral.