O Banco Central do Brasil revisou nesta quinta-feira, 26, sua previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, aumentando a estimativa de 1,9% para 2,1%. A nova projeção foi publicada no Relatório de Política Monetária da instituição. A alteração acompanha um movimento mais amplo de revisão das expectativas de crescimento por diferentes agentes econômicos.
O governo federal, por meio do Ministério da Fazenda, também ajustou sua projeção para o PIB de 2025, agora estimado em 2,4%. No setor privado, o Boletim Focus, que consolida previsões do mercado financeiro, aponta atualmente um crescimento de 2,21% para o próximo ano. As informações foram publicadas pelo jornal O Globo.
A revisão do Banco Central ocorre em meio a uma política monetária restritiva conduzida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que, na última reunião, decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 14,75% para 15% ao ano. Na ata da reunião, o Copom indicou que uma possível interrupção no ciclo de alta pode ser avaliada na próxima rodada, dependendo da evolução dos indicadores econômicos.
Segundo a análise apresentada pelo comitê, a economia brasileira mantém sinais de resiliência, mesmo diante de uma desaceleração moderada no ritmo de crescimento. O documento aponta que essa resistência tem dificultado o processo de redução da inflação ao patamar da meta definida para o ano, que é de 3%.
O Copom destacou que os principais fatores que pressionam os preços continuam presentes. Entre eles, foram citados o desempenho sustentado da atividade econômica, a rigidez do mercado de trabalho e a persistência de expectativas inflacionárias acima da meta. “Esse cenário exige uma política monetária fortemente contracionista por um período prolongado para garantir a convergência da inflação à meta”, registra a ata da reunião.
Outro dado apresentado no relatório do Banco Central foi a nova estimativa para o chamado hiato do produto. Esse indicador mede a diferença entre o PIB efetivo e o PIB potencial da economia, ou seja, mostra se há ociosidade ou sobreaquecimento na atividade produtiva. A projeção atualizada para o primeiro trimestre de 2025 é de 0,9%, acima dos 0,6% previstos em março.
A elevação dessa estimativa sugere que o Banco Central vê um aquecimento mais intenso da economia do que o projetado anteriormente. O hiato positivo reforça a avaliação de que a capacidade produtiva está sendo utilizada em níveis próximos ao limite, o que, segundo a autoridade monetária, contribui para manter a inflação pressionada.
O Relatório de Política Monetária também abordou as condições do mercado de trabalho, que seguem apertadas e exercem influência sobre os núcleos de inflação. Esse conjunto de fatores está sendo monitorado pela diretoria do Banco Central na formulação das próximas decisões sobre os juros.
A projeção de crescimento divulgada pela autoridade monetária considera a manutenção do atual patamar da taxa Selic no curto prazo. A continuidade dessa estratégia dependerá do comportamento das expectativas inflacionárias e da resposta da atividade econômica à política restritiva em vigor.
No cenário atual, a combinação de crescimento acima do previsto e inflação resistente representa um desafio para o Banco Central.
A avaliação predominante é de que uma redução prematura dos juros poderia comprometer o processo de convergência inflacionária, enquanto a manutenção por tempo prolongado da taxa em níveis elevados pode afetar o dinamismo da economia nos trimestres seguintes.
O relatório não antecipa decisões, mas reafirma o compromisso da instituição com o cumprimento das metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A autoridade monetária reforça que as próximas decisões dependerão da análise contínua dos dados e da evolução dos indicadores de inflação, atividade e mercado de trabalho.
Além do crescimento do PIB, o documento também apresenta projeções para outras variáveis macroeconômicas. Entre elas, destacam-se as estimativas para o consumo das famílias, os investimentos e o desempenho do setor externo. O Banco Central apontou que a atividade tem sido sustentada por componentes internos, mesmo com cenário internacional adverso.
A nova rodada de projeções será considerada na próxima reunião do Copom, marcada para agosto. Até lá, os analistas do mercado e agentes econômicos acompanharão os desdobramentos da política monetária e os impactos sobre o nível de atividade e os preços.