A condenação de Jair Bolsonaro (PL), longe de representar uma vitória definitiva da esquerda sobre a extrema direita, abriu um novo capítulo da ofensiva da burguesia contra o governo Lula. A eliminação do ex presidente da disputa eleitoral e o cerco sobre os sues parentes não resolveram por completo a equação política da classe dominante. Com Bolsonaro fora do caminho, o maior obstáculo à consolidação de uma candidatura viável da direita agora é o próprio PT. E, por isso mesmo, todas as baterias começam a se voltar contra o governo Lula.
O debate nos bastidores gira em torno de como viabilizar a candidatura de alguém como Tarcísio de Freitas (Republicanos), um político verdadeiramente comprometido com a política neoliberal.
A burguesia ainda não está conseguindo chegar a um acordo com Bolsonaro. E é justamente por isso que intensifica a pressão. As investigações contra generais, o endurecimento judicial contra o ex-presidente e até mesmo as ameaças de prisão fazem parte de uma política de chantagem. Não há qualquer preocupação real com “golpe” ou defesa da democracia. Enquanto esse ajuste é feito, começa a campanha de sabotagem contra o PT.
O PT, nesse cenário, reaparece como mais um problema para a burguesia. Não por ameaçar o regime — já que o próprio governo vem aplicando uma política de conciliação —, mas por ser o nome com mais chances reais de vencer uma eleição presidencial, o que dificulta a eleição de um candidato do grande capital.
Nos últimos dias, Lula sofreu derrotas significativas no Congresso. Foi derrotado na votação do chamado Projeto de Lei Antifacção, um projeto originado no próprio Planalto, mas apropriado pela direita, que saiu fortalecida enquanto o governo terminou enfraquecido e sem base para impedir a aprovação. A reação do PT foi constrangedora: criticou o projeto não por seu conteúdo autoritário, mas porque, segundo a Polícia Federal deveria, segundo o partido, ter mais poder.
Na questão ambiental, o governo também foi atropelado. A legislação proposta pelo Planalto foi desidratada pela maioria do Congresso. A COP 30 foi um fracasso diplomático. Ao mesmo tempo, a imprensa burguesa intensifica os ataques à gestão federal.
No próximo período, o imperialismo irá intensificar os seus ataques contra o PT. Tanto visando as eleições, como em preparação para a guerra, que exigirá um alinhamento de todos os países da América do Sul ao grande capital em seu enfrentamento à Rússia e à China.