Em um evento organizado por estudantes brasileiros da Universidade de Oxford, no Reino Unido, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, Luís Roberto Barroso, destacou que sem uma regulamentação eficaz, o mundo corre o risco de “desabar em um abismo de ódio”.
Barroso abordou os desafios que as transformações tecnológicas impõem, especialmente no que se refere ao controle de conteúdos prejudiciais nas redes sociais.
Ele argumentou que o modelo de negócios das plataformas digitais atualmente incentiva a disseminação de ódio, desinformação, sensacionalismo e agressividade, pois esses conteúdos geram mais engajamento e, consequentemente, mais receita.
“O modelo de negócio das plataformas é que o ódio, a desinformação, o sensacionalismo, a agressividade, a ofensa, geram mais engajamento do que a fala moderada. E o modelo vive do engajamento. Portanto, há um certo incentivo perverso a disseminar o que não é bom porque o que é bom traz menos receita. Por isso, tem que regular”, afirmou Barroso.
Durante o evento, Barroso enfatizou a complexidade de estabelecer limites para a liberdade de expressão, que, embora seja essencial, muitas vezes é usada como escudo por modelos de negócios que lucram com a propagação de ódio.
“O mundo vive a dificuldade de estabelecer essa fronteira. Por trás do biombo da liberdade de expressão, que é muito importante, muitas vezes, viceja um modelo de negócio que ganha dinheiro com o ódio. Tem que ter um desincentivo”, completou.
O presidente do STF ainda ressaltou que é crucial implementar contra incentivos para modificar o atual cenário, onde o conteúdo nocivo é favorecido pelas plataformas. Sem essas medidas, há um risco iminente de intensificação de desinformação e discursos de ódio, comprometendo a integridade das sociedades democráticas.