Um dos banheiros da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo amanheceu pichado com mensagens de ódio contra árabes. O caso, registrado na segunda-feira 17, foi denunciado pelo Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino da universidade e a Federação Árabe Paulista, a Fepal, na terça-feira 18.

“PUC não é para árabe”, diz uma das frases pichadas. Uma segunda inscrição trazia a expressão “A reitoria é nossa”, ao lado de uma Estrela de Davi, símbolo do judaísmo.

Em nota, a reitoria da PUC-SP repudiou “toda e qualquer manifestação discriminatória e racista, como a frase contra povos árabes escrita anonimamente” e informou que a pichação foi apagada, além de garantir que o caso será apurado internamente.

A Federação Árabe Paulista também condenou o episódio e atribuiu as pichações a um movimento sionista ativo na universidade. “É inadmissível que o racismo e o supremacismo sionistas tenham trânsito livre nas universidades brasileiras”, afirmou, exigindo investigação e punição rigorosa dos responsáveis.

‘Hora de limpar o RI’

Uma terceira pichação trazia a expressão “Hora de limpar o RI”.

Reginaldo Nasser, professor do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da PUC-SP e coordenador do Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais (GECI), já havia sido acusado de suposto antissemitismo, junto ao colega Bruno Huberman, por estudantes que recorreram à Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da universidade. Ambos, porém, foram inocentados.

Nasser também critica uma das medidas adotadas pela PUC-SP após o caso: a incorporação de uma definição internacional de antissemitismo em seu regimento, para combater o preconceito contra judeus. Para o professor, o texto gera ambiguidade ao proibir críticas ao Estado de Israel “enquanto coletividade judaica”, mas, ao mesmo tempo, afirmar ser possível criticar Israel sem ser antissemita.

Ele defende que o protocolo seja revogado e que se abra um novo processo de elaboração de diretrizes institucionais, abrangendo a luta contra todas as formas de discriminação no ambiente acadêmico. Em suas redes sociais, o docente — que se considera alvo direto das pichações por sua ascendência árabe — escreveu, no X: “O único descendente de árabe em RI sou eu! Muito orgulhoso de estar incomodando os sionistas”, reiterando a crítica à adoção da definição internacional de antissemitismo.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 19/03/2025