As principais instituições financeiras globais elevaram suas estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China para 2025, impulsionadas pelas medidas econômicas adotadas pelo governo chinês e pela retomada das negociações comerciais com os Estados Unidos. A informação foi divulgada em reportagem da agência Xinhua em 28 de maio.
O Goldman Sachs foi uma das primeiras instituições a revisar suas previsões. Em relatório publicado em 13 de maio, o banco ajustou sua projeção de crescimento do PIB chinês de 4% para 4,6%.
Segundo Shan Hui, economista-chefe da instituição para a China, houve mudança nas perspectivas de exportações: “Estamos elevando nossa previsão de crescimento do valor das exportações da China para 0%, ante -5% anteriormente”. A estimativa da contribuição líquida das exportações para o PIB também foi alterada, de -0,5 ponto percentual para +0,1 ponto percentual.
O Nomura seguiu a mesma tendência. Em relatório de 19 de maio, a instituição apontou o ritmo das relações comerciais entre China e Estados Unidos como fator relevante, especialmente no segundo trimestre de 2025.
“Elevamos nossa previsão de crescimento do PIB no segundo trimestre de 3,7% para 4,8%, e ajustamos levemente os números do terceiro e quarto trimestre de 3,6% para 4%”, afirmou Lu Ting, economista-chefe do banco para a China. A previsão anual foi alterada de 4% para 4,5%.
O JP Morgan também revisou positivamente suas estimativas, passando de 4,1% para 4,8%. Zhu Haibin, economista-chefe do banco para a China, relacionou a revisão às mudanças implementadas na política econômica do país desde o último trimestre de 2024.
“Desde o fim de setembro do ano passado, a China viveu o ajuste de política mais profundo e abrangente dos últimos anos”, declarou. As medidas citadas incluem o aumento do déficit público para 4% do PIB e a ampliação da emissão de títulos do governo.
No mesmo sentido, o Morgan Stanley elevou sua previsão de 4,2% para 4,5%. Xing Ziqiang, economista-chefe da instituição, atribuiu a revisão à recuperação do consumo das famílias e aos estímulos ao setor público.
“O programa de troca de bens de consumo será o principal vetor de expansão do consumo pessoal, agora incluindo também bens menos consolidados”, afirmou. Ele também mencionou a política de troca de dívidas do governo como fator de impulso ao consumo público.
Xing ressaltou ainda o papel da inovação tecnológica na economia chinesa. “Os avanços em inteligência artificial neste ano lembraram ao mercado a abundância de força da China em inovação e cadeias de suprimentos, apoiados por um ecossistema robusto que integra infraestrutura, dados, talentos e energia. Acreditamos que a revolução da IA contribuirá o potencial do PIB da China no médio prazo”, afirmou.
Outras instituições, como Standard Chartered e UBS, também divulgaram relatórios com avaliações positivas. O Standard Chartered, em análise de 21 de maio, destacou o crescimento das vendas no varejo de bens subsidiados e o aumento constante dos investimentos em infraestrutura e inovação.
Thomas Fang, chefe de mercados globais da China no UBS, afirmou que as medidas do governo chinês indicam estabilidade econômica. “O conjunto de políticas públicas enviou um sinal claro de estabilização do crescimento, injetando confiança sólida e previsível na economia real e no mercado de capitais”, disse.
A percepção positiva também foi reforçada por visitas recentes de dirigentes de grandes grupos financeiros à China. Entre eles, John Dugan, presidente do Citigroup, e Harvey Schwartz, CEO do Carlyle Group, manifestaram interesse em ampliar a cooperação com o país.
Com base nas projeções das instituições, analistas internacionais apontam que a economia chinesa tem demonstrado capacidade de reação frente aos desafios externos. O conjunto de medidas adotadas pelo governo e a recuperação de setores-chave reforçam a avaliação de que a China mantém posição relevante na reorganização das cadeias globais de produção e na sustentação do crescimento econômico global.
O cenário atual, segundo as análises divulgadas, aponta para uma trajetória de crescimento moderado, sustentada por ajustes fiscais, estímulos ao consumo, investimentos em inovação e avanços no comércio internacional. A expectativa é que as revisões continuem sendo monitoradas conforme a execução das políticas e a resposta dos setores produtivos ao longo de 2025.