O Banco Master solicitou uma linha de liquidez ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC) com o objetivo de reforçar seu caixa e evitar a liquidação de ativos, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira, 9, pelo jornal O Estado de S. Paulo. A medida ocorre em meio a dificuldades financeiras enfrentadas pela instituição após a venda parcial de suas operações ao Banco de Brasília (BRB).
A operação com o BRB, anunciada recentemente, não incluiu a totalidade dos passivos do Banco Master. Cerca de R$ 23 bilhões em obrigações financeiras permaneceram sob responsabilidade da instituição original.
Diante dessa lacuna, o banco passou a negociar com o FGC uma linha emergencial, enquanto busca alternativas para manter sua liquidez sem recorrer à venda forçada de ativos.
O Fundo Garantidor de Créditos, que possui patrimônio estimado em mais de R$ 120 bilhões, tem entre suas funções principais a garantia de depósitos de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ em caso de quebra de instituições financeiras.
No entanto, segundo estimativas de mercado, o volume de passivos deixado pelo Banco Master representa aproximadamente 50% da capacidade do fundo. Caso o banco venha a enfrentar um colapso, o impacto sobre o FGC poderia ser significativo.
O pedido feito pela instituição é visto como uma tentativa de preservar suas operações e evitar desdobramentos mais severos, como intervenção administrativa ou liquidação extrajudicial. A diretoria do FGC ainda avalia a solicitação e não há prazo definido para a divulgação de uma decisão.
O apoio solicitado poderia funcionar como uma medida preventiva, capaz de conter o avanço de riscos sistêmicos no setor financeiro.
O uso do FGC como atrativo para captação de recursos foi uma estratégia recorrente do Banco Master, principalmente na emissão de Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com remunerações acima da média do mercado.
Os investidores eram incentivados pela cobertura do fundo, o que reduzia a percepção de risco. Com a atual situação da instituição, esse modelo passa a ser reavaliado por agentes reguladores e analistas.
O cenário também levanta preocupações no mercado sobre a exposição do sistema financeiro a bancos de médio porte com captação agressiva e liquidez limitada.
A possível atuação do FGC antes da ocorrência de inadimplência ou falência representa uma mudança em relação a sua atuação tradicional, concentrada em reembolsos pós-intervenção. A antecipação de suporte técnico ou financeiro pode ser interpretada como uma ação preventiva para conter eventuais contágios.
O Banco Master, que atua com foco em produtos de crédito com alto retorno, vinha expandindo sua carteira de clientes e oferta de ativos remunerados até a operação com o BRB. A venda envolveu apenas parte do portfólio, deixando a instituição com uma estrutura reduzida e menor margem de manobra para absorver perdas ou enfrentar saídas de capital.
O Banco de Brasília não se manifestou sobre o andamento das negociações entre o Master e o FGC. Também não houve confirmação oficial sobre o grau de exposição do BRB aos passivos não incluídos no acordo.
A transação entre os dois bancos foi homologada por órgãos reguladores, mas não incluiu cláusulas de responsabilidade cruzada sobre obrigações anteriores.
A incerteza quanto ao desfecho da solicitação feita ao Fundo Garantidor de Créditos mantém em alerta investidores institucionais, autoridades monetárias e demais participantes do mercado financeiro.
Uma eventual decisão favorável ao banco pode sinalizar um novo protocolo de atuação preventiva do FGC, enquanto uma negativa ampliaria a pressão sobre o caixa do Master e a possibilidade de desdobramentos regulatórios.
Até o momento, o Banco Central não se pronunciou oficialmente sobre a situação do Banco Master nem sobre o potencial impacto da solicitação feita ao FGC.
O tema é acompanhado de perto pelo Conselho Monetário Nacional e pela Comissão de Valores Mobiliários, responsáveis por fiscalizar a integridade do sistema bancário e o funcionamento do mercado de capitais.
Enquanto aguarda resposta do fundo garantidor, o Banco Master mantém suas operações regulares, incluindo a administração de produtos de renda fixa voltados ao varejo.
A ausência de sinais de inadimplência ou intervenção regulatória, no entanto, não afasta a cautela dos investidores diante do volume dos passivos e da fragilidade de sua posição de liquidez.
As próximas semanas devem ser decisivas para definir o futuro da instituição. O desenrolar da negociação com o FGC poderá estabelecer precedentes para outras instituições financeiras em situações semelhantes e testar os limites de atuação do fundo no contexto atual de maior volatilidade e exigências de governança sobre o sistema bancário nacional.