O Banco Inter revisou para cima sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2025, elevando a projeção de 1,5% para 1,8%, segundo relatório divulgado pela instituição nesta semana.
O documento, assinado pela economista-chefe Rafaela Vitória, atribui o impulso esperado principalmente ao desempenho do agronegócio, que deve liderar a atividade econômica no início do próximo ano.
A instituição estima que o crescimento do PIB será puxado por um avanço de 15% no setor agropecuário no primeiro trimestre de 2025, em relação ao mesmo período de 2024.
O relatório indica que esse resultado poderá contribuir para uma expansão de 1,1% do PIB já nos três primeiros meses do ano, na comparação com o quarto trimestre de 2024.
Apesar do desempenho favorável no início do ano, o Banco Inter alerta para uma possível desaceleração da atividade econômica na segunda metade de 2025.
A instituição aponta os efeitos da taxa básica de juros em patamar elevado e a eventual ausência de novos estímulos no setor agropecuário como fatores que podem limitar o crescimento. “Sem o mesmo desempenho do agro, o PIB tende a ficar mais próximo da estabilidade na segunda metade do ano”, afirma o relatório.
A projeção para o crescimento do PIB em 2026 foi mantida em 2%, sinalizando uma expectativa de continuidade de expansão moderada no médio prazo.
Inflação e política monetária
O relatório do Banco Inter também revisou a expectativa para a inflação ao consumidor. A nova projeção é de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche 2025 com alta de 5,3%, ligeiramente inferior à estimativa anterior, de 5,4%. Para 2026, a projeção continua em 4,4%.
A instituição aponta que a inflação de serviços segue pressionando o índice geral, mesmo diante de uma possível redução na inflação de bens, como combustíveis. “A inércia na inflação de serviços deve seguir mantendo o IPCA acima da meta ao longo do ano”, diz o relatório.
No câmbio, o Banco Inter ajustou sua estimativa para a taxa de câmbio de R$ 5,80 para R$ 5,70 por dólar, indicando uma leve valorização da moeda brasileira no período analisado.
Em relação à política monetária, o relatório prevê manutenção da taxa Selic em 14,75% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), com possibilidade de redução apenas a partir de dezembro.
A avaliação do banco é de que a condução da política de juros está sendo impactada por incertezas fiscais. “O custo da política monetária está claramente mais elevado neste ciclo, com o nível de desconfiança no ajuste fiscal ainda alto”, afirma o texto.
A projeção da instituição é de que a taxa básica permaneça em patamar elevado até o final de 2025. “Esperamos que a Selic deva ser mantida no elevado patamar até o final do ano, com o início de cortes estimado para dezembro”, destaca o relatório.
Execução fiscal como variável de risco
O Banco Inter também avalia que a trajetória da inflação e dos juros pode ser alterada a depender da política fiscal adotada nos próximos meses.
Segundo a instituição, um cenário de maior disciplina fiscal pode acelerar o processo de desinflação e permitir cortes mais antecipados na taxa de juros. “O processo de desinflação pode ser mais célere caso o governo tenha maior disciplina na execução fiscal ao longo dos próximos meses”, afirma o documento.
Por outro lado, o banco alerta que eventuais estímulos adicionais à economia podem ter efeitos opostos. “Novos estímulos podem manter a inflação em alta, pressionar o câmbio e resultar em prolongamento do aperto monetário”, afirma o relatório.
O cenário traçado pela instituição considera, portanto, variáveis relacionadas à produção agropecuária, inflação de serviços, condução da política fiscal e reações da política monetária como determinantes centrais para o desempenho da economia brasileira nos próximos dois anos.
As projeções do Banco Inter somam-se a análises de outras instituições financeiras e consultorias que têm monitorado o impacto da política de juros e os efeitos da política fiscal sobre a inflação e o crescimento. O posicionamento da instituição destaca a complexidade do ambiente econômico atual e as incertezas associadas ao equilíbrio entre estímulo à atividade e controle inflacionário.