A presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, sigla em inglês), Dilma Rousseff, defendeu nesta sexta-feira (4), durante a abertura do 10º encontro anual do conselho da instituição, no Rio de Janeiro, o desenvolvimento sustentável, inclusivo, justo, resiliente e soberano.

A ex-presidente brasileira diz que o mundo de hoje não é o mesmo de 2015, ele está mais fragmentado, mais desigual e mais exposto a crises sobrepostas – crises climáticas, econômicas e geopolíticas.

“O multilateralismo está sob pressão. Testemunhamos um recuo na cooperação e o ressurgimento do unilateralismo”, disse.

Ela também criticou o tarifaço imposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump. “Tarifas, sanções e restrições financeiras estão sendo usadas como ferramenta de manipulação política”, criticou.

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De acordo com a presidente do NDB, cadeias produtivas globais estão sendo reestruturadas, não apenas pela busca de mais eficiência, mas sim por interesses geopolíticos.

“E o sistema financeiro internacional continua profundamente assimétrico, colocando os fardos mais pesados sobre aqueles com menos recursos. O cenário exige mais e não menos cooperação. E exige instituições que reflitam as realidades e as aspirações do mundo de hoje, não somente do mundo de oito décadas atrás”, observou.

Diante dessa realidade, Dilma destacou que a criação do novo banco foi mais do que um simples marco: “Foi algo maior: uma declaração política de intenções e de práticas. Declaração de que os países do Brics, do Sul Global, se tornaram arquitetos de seu próprio futuro”.

Nesse contexto, Dilma disse que a missão do banco segue sendo relevante e essencial. “Demonstramos, nos últimos 10 anos, que é possível construir uma instituição confiável, eficiente e adaptável, que produz resultados reais e, ao mesmo tempo, defende os valores da solidariedade, equidade e soberania”, afirmou.

“Não temos o objetivo de substituir quem quer que seja. Porém, buscamos provar que há mais de uma maneira de promover o desenvolvimento. E os países emergentes e em desenvolvimento merecem instituições que compreendam seus desafios, respeitem suas escolhas e apoiem suas ambições”, finalizou.

Projetos

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o NDB surgiu “para que os países em desenvolvimento possam contar com uma instituição financeira alinhada às suas próprias necessidades”.

Haddad afirmou que, ao longo da sua existência, o banco do Brics — como é conhecido — apoiou 120 projetos, totalizando US$ 39 bilhões em financiamentos, o que representa mais de R$ 210 bilhões.

Os recursos permitiram construir ou modernizar mais de 40 mil quilômetros de rodovias, 293 quilômetros de trilhos urbanos, foram construídas 35 mil habitações e ampliadas em cerca de 290 mil m³ por dia a oferta de água potável.

“Esses dados representam mais do que execução orçamentária: significam escolas acessíveis construídas, comunidades conectadas e famílias com água limpa”, disse.

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Last Update: 04/07/2025