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A bancada evangélica no Congresso Nacional, uma das maiores e mais influentes frentes parlamentares, tradicionalmente alinhada às pautas da direita, elege nesta terça-feira (25) um novo líder para comandar o grupo nos próximos dois anos. A escolha, que será realizada por meio de votação com cédulas, ocorre em um cenário de divergências internas e disputas políticas, com uma crescente fragmentação do grupo.
Tradicionalmente coesa, a bancada evangélica enfrenta um racha que inclui debates sobre sua posição em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se será aliada ou oposicionista, mantendo o apoio ao bolsonarismo.
A votação conta com três candidatos: Otoni de Paula (MDB-RJ), Greyce Elias (Avante-MG) e Gilberto Nascimento (PSD-SP). A disputa é marcada por tensões e trocas de farpas entre os candidatos, especialmente entre Otoni e Nascimento, que representam visões políticas distintas dentro da bancada.
O resultado da eleição deve definir a orientação política do grupo e seu alinhamento com o governo federal até as eleições de 2026.
Otoni, ligado à Assembleia de Deus e apoiado pelo atual presidente da bancada, Silas Câmara (Republicanos-AM), é visto como mais próximo do governo Lula, tendo feito acenos ao petista nos últimos meses após se desvincular do bolsonarismo.
Já Gilberto Nascimento, também da Assembleia de Deus, é considerado mais conservador e alinhado à direita, com proximidade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao pastor Silas Malafaia.
Greyce Elias, da Sara Nossa Terra, é vista como a candidata mais centrista, mas corre por fora na disputa.
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Otoni de Paula afirmou a aliados que a vitória de Nascimento abriria portas para uma interferência mais direta de Malafaia e Bolsonaro na bancada, o que o parlamentar paulista nega.
A polarização reflete a fragmentação que tem marcado a bancada evangélica nos últimos anos. Em 2023, uma eleição interna foi anulada após divergências sobre o número de votos, e um acordo foi feito para dividir o comando entre Eli Borges (PL-TO) e Silas Câmara.
A bancada evangélica, que reúne 246 deputados e senadores, é uma das mais expressivas do Congresso e tem um papel crucial na definição de pautas conservadoras e religiosas.
O crescimento do eleitorado evangélico no Brasil tem sido um fator determinante na política nacional. Segundo levantamento do Datafolha divulgado em 2020, 31% dos brasileiros se declaram evangélicos, sendo que entre as mulheres essa parcela chega a 58%.
A influência desse segmento ficou ainda mais evidente nas eleições de 2022, quando tanto Lula quanto Bolsonaro criaram estruturas específicas para conquistar o voto evangélico. O petista, por exemplo, divulgou uma carta de compromissos com o eleitorado evangélico dias antes do primeiro turno, em uma tentativa de frear o avanço do líder da extrema-direita nesse grupo.
O parlamentar eleito será empossado na quarta-feira (26), em um culto programado para um auditório da Câmara dos Deputados.
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