O avião da Voepass que caiu em Vinhedo, interior de São Paulo, deixando 62 pessoas mortas no dia 9 de agosto, tinha manutenção pendente, segundo registros da empresa aérea. Documentos relacionados à aeronave, obtidos pelo Uol, indicam que 21 itens precisavam passar por ajustes. No entanto, até o momento, não há evidências de que esses problemas tenham contribuído para a queda.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB), deve emitir um relatório parcial sobre a tragédia em até 30 dias. A Voepass negou que os problemas identificados tivessem impacto na segurança do voo.
Entre os itens que precisavam de manutenção, constavam falhas como cortinas de janelas danificadas, um porta-copos ausente no assento do capitão e um carpete rasgado na cabine de comando. Além disso, a luz de leitura de um dos assentos na cabine de passageiros estava quebrada, e pelo menos seis assentos apresentavam mau funcionamento.
Um ponto que chamou atenção foi a falha no freio número 4, relatada no dia 8 de agosto, um dia antes do acidente. Segundo os manuais da empresa, o avião poderia continuar operando mesmo com esse defeito, desde que algumas restrições fossem respeitadas, como o funcionamento pleno do sistema antiderrapagem, que evita que as rodas parem de rodar bruscamente, evitando que a aeronave deslize na pista.
Os fabricantes de aeronaves estabelecem uma lista mínima de equipamentos que precisam estar operacionais para um voo seguro, e as empresas tendem a seguir essas diretrizes rigorosamente, ou até adotam normas mais restritivas. No caso do freio inoperante, a aeronave deveria operar com algumas limitações, como a necessidade de uma pista de pouso mais longa do que o normal.
Outros problemas foram identificados na cabine de comando, como o Indicador Eletrônico de Situação Horizontal, que apresentava defeito. Apesar de não ser um instrumento obrigatório para o voo, sua falha foi registrada.
Além disso, o sistema de ar-condicionado da cabine não estava funcionando integralmente, com uma das saídas de ar entupida e um dos sistemas de refrigeração soltando ar quente. Em um vídeo gravado em março, o piloto Danilo Romano, que também morreu na queda, aparece discutindo com passageiros do mesmo avião.
Em nota, a Voepass afirmou que a aeronave operou sem nenhum item pendente, apesar do curto período de tempo entre a emissão da documentação de manutenção e os voos realizados naquele dia. A empresa reforçou que os problemas identificados não comprometeram a segurança do voo.