Boeing 757-2A U.S. Air Force, 00-9001 — Foto: Reprodução/wikimedia commons
Boeing 757-2A U.S. Air Force, 00-9001 — Foto: Reprodução/wikimedia commons

Lucio Massafferri Salles*, Pragmatismo Político

Vejam vocês… um boeing da Força Aérea estadunidense – e que é usado pela CIA – pousou em território brasileiro sem que a missão fosse oficialmente esclarecida… estranho, não? A notícia saiu em alguns portais independentes e, claro, já acendeu memórias e desconfianças. Afinal, no Brasil, aviões militares nunca são só aviões — muitas vezes carregam recados. Nos idos de 1964, por exemplo, um porta-aviões dos EUA ficou parado na Baía de Guanabara como sombra muda do golpe. Décadas depois, essa lógica de “mensagens estratégicas” continua rondando.
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Mais do que um conceito abstrato, a tal lógica das guerras híbridas aparece nas ações, no concreto do dia a dia. E nem sempre precisa de tiros para mostrar força… às vezes, basta a presença silenciosa de uma aeronave. Só isso já pode soar como demonstração de poder, memória de alianças antigas ou até mesmo um recado velado.
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Aqui, vale a máxima de Leibniz: tudo o que não é contraditório é possível. E, pela história do Brasil e pelo modus operandi dos EUA, sabemos que o “possível” é quase sempre merecedor de atenção.
Quando os EUA enviaram até porta-aviões para interferir na política brasileira

Desestabilizar para conquistar (Arquitetura do Caos 3)

Claro, um avião pode ser só isso: metal voando no céu. Mas pode ser bem mais — pode virar linguagem, mensagem cifrada, uma “presença que fala” sem dizer palavra. Aí entra a imagem do avião-correio: não carrega cartas nem selos, mas deixa recados no ar. E esses recados ganham outro peso quando lembramos do nosso contexto recente, cheio de instabilidade, lawfare e interferências externas.
Para além das tarifas, a disputa está na cognição

Não se trata de alarmismo. A questão é entender os truques da psicopolítica e da geopolítica. Aviões, discursos, imagens — nada disso aparece no vazio. Tudo é linguagem, tudo molda percepção, tudo abre espaço para disputas de sentido. Um pouso pode ser só burocracia de pista… mas também pode ser recado. O desafio é nosso, como povo: não engolir sinais de forma ingênua..
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E sejamos francos: episódios assim vão além de “pousos técnicos”. São como lembretes de que o Brasil continua cobiçado, vigiado, jogado como peça que não sai do jogo dos grandes. Um avião branco parado na pista pode parecer banal… mas carrega peso simbólico enorme. Aí está a força da semiótica: rotina que vira mensagem, silêncio que vira pressão, presença que vira narrativa.

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*Lucio Massafferri Salles é psicólogo/psicanalista, filósofo, jornalista e professor da rede pública de ensino/RJ. Doutor e mestre em filosofia pela UFRJ, especialista em psicanálise pela USU, realizou o seu estágio de Pós-Doutorado em Filosofia Contemporânea na UERJ. É o criador e responsável pelo canal Portal Fio do Tempo, no YouTube.

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Last Update: 20/08/2025