Uma das definições do Fundo Monetário Internacional (FMI) é promover emprego e renda real por meio do crescimento equilibrado do comércio internacional, mas a perspectiva de aumento dos desequilíbrios econômicos externos e a ameaça à globalização mostram que o trabalho da entidade não tem sido suficiente.

E a falta de posicionamento do FMI sobre os pontos que geram os atuais desequilíbrios é alvo de críticas de Desmond Lachman, pesquisador sênior do American Enterprise Institute, e ex-diretor adjunto do Departamento de Desenvolvimento e Revisão de Políticas do FMI.

“Ao contrário do que o presidente dos EUA, Donald Trump, parece pensar, esses desequilíbrios não resultam de tarifas de importação ou manipulação cambial, mas sim de políticas macroeconômicas inadequadas mantidas tanto por países deficitários quanto superavitários”, afirma Lachman, em artigo publicado no Project Syndicate.

De acordo com o articulista, os países com grandes déficits comerciais seguem políticas monetárias e fiscais que os induzem a gastar mais em consumo e investimento do que produzem. Por outro lado, aqueles com grandes superávits comerciais têm políticas macroeconômicas que os induzem a gastar menos em consumo e investimento do que produzem.

Visto por essa perspectiva, é fácil entender por que, apesar das tarifas de importação mais altas do primeiro governo Trump, o déficit em conta corrente externa dos EUA aumentou cerca de 35% (de US$ 480 bilhões para US$ 647 bilhões) entre 2016 e 2020. Essa mesma análise mostra por que a China e a Alemanha têm apresentado consistentemente grandes superávits comerciais nos últimos anos.

Em 2025, o segundo governo Trump está propondo um novo corte de impostos que vai aumentar o já elevado déficit orçamentário dos EUA (atualmente em torno de 6% do PIB), com impacto direto também no déficit comercial externo dos EUA, praticamente pelo mesmo motivo que aumentou durante o primeiro governo Trump.

Para Lachman, o FMI deveria alertar sobre o provável agravamento dos desequilíbrios externos como resultado de um déficit orçamentário mais amplo nos EUA, além de elaborar um plano para resolver os desequilíbrios globais atuais de uma maneira que não provoque uma recessão global. “A globalização corre sério risco de entrar em colapso, e uma de suas principais instituições desapareceu”.

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Last Update: 22/05/2025