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Com o preço dos ingressos de cinema cada vez mais caros, o número de streamings concentrando produções subindo, e o aumento gradual do preço dessas plataformas, a pirataria voltou a preocupar a indústria. O que antes havia dado um folego com o fim dos DVDs, está voltando a se tornar realidade com o lançamento de filmes e séries de forma ilegal na internet.
Um relatório anual da MUSO, empresa estadunidense focada em rastreamento e proteção de conteúdo, mostrou que mais de 30 bilhões de acessos a sites com filmes piratas foram realizados em 2023. O número representa um aumento de 6,5% em relação ao ano anterior.
Como conta o Metrópoles, João Silva, presidente da Abraplex (Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex), afirmou que o combate à pirataria precisa ser ampliado.
“É urgente a ampliação do combate à pirataria, a indústria audiovisual, como um todo, sofre demais com isso. O parque exibidor, especificamente, é bastante afetado. O único momento em que os cinemas rentabilizam é quando o filme está em cartaz e ter, simultaneamente, esses conteúdos à disposição de forma ilegal na internet, prejudica a adesão do público e traz grandes prejuízos”, disse.
O Instituto IPSOS, que representa os maiores produtores e distribuidores de conteúdos audiovisuais do mundo, estima que as receitas da indústria poderiam ser 17% maiores se não houvesse pirataria. Pesquisa realizada pelo instituto destaca que as perdas com pirataria representam quase R$ 4 bilhões por ano.
No entanto, embora a prática ilegal cause prejuízo à indústria e ao mercado do audiovisual, os preços para ter acesso aos conteúdos estão cada vez mais altos e pesando no bolso da população. A longa paralisação por conta da pandemia de Covid e a greve dos estúdios em Hollywood aumentou o valor para ir aos cinemas, além de ter feito o preço dos streamings subir consideravelmente. Segundo um levantamento feito pelo Proteste, entidade de defesa do consumidor, os reajustes das empresas de streaming foi, em média, 14% acima da inflação nos últimos três anos.
Isso faz com que a pirataria se torne cada vez mais frequente e popularizada nas redes sociais. Existem algumas pessoas que se dedicam a realizar lives em tempo real das produções ou gravações ilegais nos cinemas e em casa, para disponibilizar os lançamentos aos usuários.
Divertida Mente 2, por exemplo, tornou-se a maior abertura de uma animação no Brasil, levando 4,5 milhões de espectadores aos cinemas, com uma bilheteria total de R$ 96,3 milhões. Contudo, de acordo com estimativas da Abraplex, o padrão pre-pandemia será recuperado apenas em 2026, quando 180 milhões de espectadores devem ir aos cinemas no país. No entanto, a pirataria continua sendo um desafio para o setor conseguir se reestruturar.
“Temos um problema de quantidade de filmes, não de público. Estamos com cerca de 35% a menos de filmes, o que dá quase 200 filmes a menos por ano. Isso é consequência desse vácuo na produção. Quando essa situação normalizar, o que deve demorar ainda uns dois anos, a tendência é que o cinema volte mais forte do que era antes”, declarou Silva ao portal.