A intensificação de eventos extremos, como as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024, exigem uma mudança de como o Estado articula ciência, prevenção e resposta a desastres. Essa foi a avaliação dos especialistas ouvidos nesta segunda-feira (16/6), no plenário do Senado, durante sessão de debates temáticos.

Para o diretor do Departamento de Clima e Sustentabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Moraes, é necessário reformular o atual paradigma, tratando o conceito de risco como resultado tanto de ameaças naturais quanto de fatores humanos — sociais, tecnológicos e culturais.

“A chuva não é o desastre. O desastre é o impacto que ela causa. Vulnerabilidades mal resolvidas, como construções precárias, desinformação e negacionismo climático, transformam um fenômeno natural em tragédia”, alertou.

O uso de dados e tecnologias de ponta também foi destacado como ferramenta essencial na antecipação de cenários críticos.

Senado aprova R$ 357 milhões para recuperação do Rio Grande do Sul

Laercio Namikawa, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), relatou como as imagens de satélite viabilizaram a rápida identificação de áreas afetadas e orientaram o pagamento do auxílio-reconstrução a mais de 400 mil famílias. Ele também ressaltou a importância de investir em supercomputadores e ampliar a capacidade técnica do instituto.

“Com sete dias de antecedência, nossos modelos já previam a intensidade da chuva que caiu no Rio Grande do Sul em maio. Faltou capacidade computacional e articulação institucional para transformar esse dado em alerta eficaz”, explicou.

Projeto de Paulo Paim institui Política Nacional para Deslocados Internos

Reconstrução

O professor Lélio Brito, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), detalhou os esforços de engenharia resiliente no estado, com destaque ao apoio à reconstrução da pista do Aeroporto Salgado Filho, que foi alagado na enchente do ano passado.

Ele defendeu o uso de materiais inovadores, como asfaltos autorregenerativos e sensores capazes de converter deformações em energia elétrica.

“A resiliência se traduz em estruturas que não apenas resistem, mas se recuperam com rapidez. Precisamos de soluções que combinem robustez e sustentabilidade”, defendeu.

Na avaliação da reitora da UFRGS, Marcia Barbosa, é preciso que haja uma mudança de cultura em relação à ciência. Para ela, a universidade deve ter papel ativo e contínuo na formulação de políticas públicas e soluções locais, não ser chamada ao debate apenas em momentos de crise.

“Queremos estar na linha de frente da prevenção. Com recursos adequados, podemos entregar respostas customizadas para cada região, da agricultura à saúde mental”, afirmou.

Projeto de Paulo Paim institui Política Nacional para Deslocados Internos

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 16/06/2025