Áudio revela pressão de empresários por relatório golpista de Bolsonaro

Nesta segunda-feira, 9, o advogado de Jair Bolsonaro, Celso Vilardi, divulgou um áudio em que o ex-ajudante de ordens do ex-presidente, Mauro Cid, atribui a dois empresários a pressão para que Bolsonaro elaborasse um relatório com teor golpista após a derrota nas eleições de 2022 para Lula.

No trecho divulgado por Vilardi, Cid menciona nomes como o do empresário Luciano Hang e de Meyer Nigri, afirmando que ambos teriam cobrado diretamente de Bolsonaro a produção de um documento que contestasse o resultado divulgado pelo Ministério da Defesa, o qual apontou que não houve fraude nas urnas eletrônicas.

Segundo o áudio, obtido pela Polícia Federal (PF) no âmbito de investigações sobre tentativa de subversão da ordem democrática, Hang e Nigri teriam atuado para reforçar a narrativa de irregularidades no processo eleitoral. Cid afirma que “esses empresários chegaram a questionar o ex-capitão” e teriam indicado que medidas mais duras seriam necessárias caso o relatório não fosse apresentado.

O objetivo, conforme relatado pelo ex-ajudante, era desacreditar o laudo produzido pelo Ministério da Defesa, que concluíra, após auditoria nas urnas eletrônicas, que não havia indícios de fraude ou adulteração dos votos. Cid sustenta que a interferência buscada pelos empresários visava criar embasamento para questionamentos judiciais e manifestações de rua.

Leia a íntegra do áudio:

“Oi, general, bom dia! É, ontem, o presidente, eu senti que ele já praticamente… Acho que desistiu de qualquer coisa, de qualquer ação mais contundente. Ontem, por várias vezes, ele comentou que o governo Lula, que um possível governo Lula, como ele sempre fala, não daria certo. Ele [Lula] vai meter o pé pelas mãos, é, ele vai botar os servidores todos contra ele. Tanto que ontem ele [Bolsonaro] comentou e pediu para deixar tudo andar, não quer que ninguém ficou instruído nada. Ele conversou bastante tempo com o Valdemar também. Ontem no começo da tarde, ontem, o general Pazuello esteve com ele dando sugestões, ideiais de como ele poderia de alguma forma tocar o artigo 142, uma coisa assim, não quis nem saber, não, não deu bola para o que o general Pazuello estava levando para ele. 

Também deixou o geral Paulo Sergio tranquilo com relação ao prazo de entrega e o que vai ser escrito no relatório. Inclusive, deu até a entender que o que estiver lá é bom, o que escrever é ótimo. Aquele outro relatório do IVL [Instituto Voto Legal] que deveria sair também, não quis pressionar Valdemar, deixou rodar. 

E na conversa que ele [Bolsonaro] teve depois com os empresários, estava o Hang, aquele cara da Centauro, estava o Meyer Nigri [dono da Tecnisa], ele [Bolsonaro] também falou: ‘olha, o governo Lula vai, vai, vai cair de podre’. E o pessoal ficou um pouco de moral baixo porque os empresários queriam iniciar o presidente a fazer um relatório contundente, duro, para virar, aqueles negócios. E ele mesmo já descaracterizou e já falou para os empresários: ‘vocês que vão se prejudicar muito com Lula’”. 

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