
Um áudio enviado pelo senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) à produtora cultural Paula Lavigne, mulher de Caetano Veloso, expôs o mal-estar no campo governista após críticas públicas do ator Wagner Moura ao PL do Streaming. Na gravação, do Platô, o líder do governo no Congresso faz um desabafo sobre o vídeo em que Moura classifica o projeto como prejudicial ao audiovisual brasileiro por favorecer plataformas internacionais em detrimento das produtoras nacionais.
Randolfe explicou que recorreu a Paula Lavigne porque não tem o telefone do ator. No áudio obtido por Guilherme Amado, ele afirma que o papel da esquerda no Congresso tem sido o de “minimizar danos” diante de uma correlação de forças desfavorável e da atuação intensa de lobbies ligados às big techs e às empresas de streaming.
“Nós tentamos o melhor texto, mas não conseguimos. Tem lobby, tem lobby de plataformas, nesse Brasil e nesse mundo. Desculpa a revolta, mas eu não sei em que mundo o pessoal está. Tem lobbies aqui. A gente conseguiu foi o melhor possível do texto”, disse o senador.
Na sequência, Randolfe ressaltou que, embora o campo progressista tenha vencido a eleição presidencial, não conseguiu maioria no Legislativo. “Eu gostaria de ter um Congresso com 200 deputados do PT, 100 do PSOL, 20 do PSB, 30 do PDT. Eu gostaria, mas não tem, pô. A maior bancada aqui é do PL, do partido do Bolsonaro. Será que o pessoal não entende isso? A gente aprova as coisas com enorme dificuldade aqui. Não é o que a gente quer, é o que a gente pode, é o que a gente tenta fazer”, afirmou.
O senador também relatou incômodo com a origem do vídeo de Wagner Moura. Segundo ele, a gravação teria sido feita a pedido de um servidor da Ancine identificado apenas como Paulo, nome que, de acordo com Randolfe, teve apoio de Paula Lavigne. Um dos diretores da agência é Paulo Xavier Alcoforado.
“Mas, enfim, desculpa, eu desabafo, foi porque eu realmente não entendi coisa nenhuma. E eu não tenho o telefone do Wagner, senão eu mandaria esse áudio pra ele direto. Mas, enfim, mando aí pra você”, concluiu.
Em áudio encaminhado à produtora cultural Paula Lavigne, mulher de Caetano Veloso, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, fez um desabafo sobre um vídeo em que Wagner Moura criticou o PL do Streaming.
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— Guilherme Amado (@guilherme_amado) December 11, 2025
Críticas de Wagner Moura
As declarações do senador vieram após Wagner Moura divulgar um vídeo criticando duramente o PL do Streaming, aprovado na Câmara e em análise no Senado. O ator chamou o texto de “bizarro” e alertou o Ministério da Cultura e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para ele, a tributação prevista é insuficiente e beneficia as próprias plataformas.
“O ponto mais bizarro é o fato dessas empresas poderem usar esse dinheiro, parte do dinheiro da taxação, para investir em seu próprio conteúdo. É um dinheiro que deveria estar indo para o Fundo Setorial do Audiovisual e um dinheiro que deveria estar indo para fomentar a produção independente brasileira”, afirmou.
O projeto, relatado pelo deputado Doutor Luizinho (PP-RJ), estabelece uma alíquota de 4% sobre a receita bruta anual de plataformas como Netflix, Prime Video, Globoplay, Apple TV+ e Disney+. Moura também cobrou posicionamento do governo:
“Queria deixar aqui esse recado para que o Ministério da Cultura do Brasil entre nesse jogo defendendo a autonomia do país nessa questão e que o presidente Lula fique atento a isso. É um momento importante, não só para o setor audiovisual brasileiro mas para a autoestima do país, para a soberania do país”.
O ator Wagner Moura criticou na 4ª feira (11.dez.2025) o PL (Projeto de Lei) 8.889 de 2017, que regulamenta as plataformas de streaming no Brasil. Disse que a taxação proposta às empresas é muito baixa e pediu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defenda a autonomia e… pic.twitter.com/gkIqnmEVu0
— Poder360 (@Poder360) December 11, 2025