Atualizações (II): A Casa da Mãe Joana, por Izaías Almada

Atualizações (II)

A Casa da Mãe Joana

por Izaías Almada

O penúltimo parágrafo da minha crônica anterior, escrita no ano de 2022, atualizada agora em 2025, chama a atenção para o seguinte fato: a possibilidade de se transformar em realidade aquilo que, teórica ou supostamente, poderia ser decidido pelo órgão máximo do Poder Judiciário brasileiro, o STF.

Diz o parágrafo: “Senhores membros do STF, se a Constituição permite que o façam já, o povo brasileiro espera que interrompam essa caminhada trágica que o Brasil faz em direção à terra de ninguém”.

E qual seria essa “caminhada trágica”?

Os atropelos dessa caminhada são tantos que enumerá-los seria enfadonho pela repetição de nomes e acontecimentos, mas podemos correr o risco de lembrar alguns dos fatos e de nomes que circulam há tempos pelos corredores dos três poderes da república brasileira.

Comecemos pelo covarde e irresponsável golpe contra Dilma Rousseff, onde um voto, em particular o de tal Jair Messias, elogiava um dos grandes torturadores do período militar, Brilhante Ulstra.

Outro passo da caminhada trágica tem enormes tropeços com o “governo” Temer e a inacreditável eleição em 2018 de um sociopata que, sem o menor sentido do que seja governar um país, usou e abusou da sua ignorância para destruir e interromper a caminhada segura da indecifrável democracia brasileira, tais como: salário mínimo abaixo da inflação, o deboche e a morte de mais 700 mil brasileiros com a Covid-19, o aumento da inflação e do desemprego, o uso da PRF em alguns estados para impedir o voto de eleitores em Lula e muitas outras patifarias em prol do neoliberalismo econômico brasileiro, seja lá o que isso quer dizer.

“O mundo gira e a Lusitana roda”, diz o slogan de uma grande firma de entregas… Há, no entanto, a possibilidade de que o mundo gire e nada aconteça…

O Brasil, de tempos em tempos, está sempre sacudindo a poeira de uma ditadura para outra. Tem sido assim desde a proclamação da república em 15 de novembro de 1889.  Os anos de 1930 e 1964 são bons exemplos históricos.

Daqui a alguns dias estaremos entrando no ano de 2026, mais um ano de eleições presidenciais, com a perspectiva de nova vitória do presidente Lula.  

E a caminhada trágica? Querem ver?

A direita deixa claro que está se preparando para um vale tudo nas presidenciais; está vindo ao de cima o que significou a Operação Lava a Jato; a corrupção aumenta descaradamente, envolvendo-se cada vez mais através de políticos e empresários que usam bancos, empresas de aluguel, narcotráfico, hackers, garotas de aluguel, o que for preciso, para botarem a mão na bufunfa… O STF prepara novas prisões da tentativa golpista de 08/01; a PF, cumprindo sua missão, mostra o tamanho da encrenca; O PL da Dosimetria insufla a crise entre os três poderes. Está de bom tamanho ou querem mais?

Passados o Natal, o Ano Novo e as férias escolares, o país retorna à sua caminhada trágica e a casa da mãe Joana fica em polvorosa. A ver, vamos!…

Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.

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